| Foto: KAREN BLEIER/AFP

O Facebook anunciou nesta quinta-feira (15) ferramentas para evitar que notícias falsas se espalhem pela plataforma, o que representa uma reação às crescentes críticas de que a rede social não agiu para combater o problema durante a campanha das eleições presidenciais americanas deste ano. Por enquanto, as novidades estão disponíveis apenas para alguns usuários nos Estados Unidos.

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Ao longo de todo o ano, surgiram várias controvérsias envolvendo a forma como a rede social monitora e policia o conteúdo produzido por seu 1,8 bilhão de usuários. A companhia fundada por Mark Zuckerberg ressaltou que as novas ferramentas são parte de um processo em curso para refinar e testar o modo como o Facebook lida com notícias falsas.

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Segundo a empresa, os usuários acharão mais fácil indicar que uma notícia em sua timeline é falsa. Já os artigos considerados falsos pelo Poynter Institute’s International Fact Checking Network, uma instituição parceira do Facebook, receberão uma espécie de aviso indicando que aquele post é “questionado por terceiros”, e haverá um link para um texto da companhia de fact-checking explicando o motivo. Uma vez marcados como questionados, os artigos não poderão mais ser promovidos (quando as empresas pagam para que o conteúdo apareça para mais gente).

Parceria para detectar conteúdos falsos

A rede social também vai trabalhar com organizações de fact-checking como PolitiFact, Snopes e FactCheck.org, e com ABC News e Associated Press para identificar conteúdos falsos. Contudo, esses textos não serão eliminados do site:

“Se algo está sendo questionado, nós vamos fazer com que você saiba. Mas você ainda poderá compartilhá-lo, porque nós acreditamos em dar voz às pessoas”, afirmou Adam Mosseri, vice-presidente de Gestão de Produto do Facebook.

As mudanças foram anunciadas semanas após Zuckerberg dizer que era uma “ideia louca” acreditar que notícias falsas no Facebook teriam contribuído para mudar a opinião de eleitores americanos, levando à eleição de Donald Trump. Mas os americanos parecem discordar do fundador da rede social.

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Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo Pew Research Center, para a maioria, a proliferação dos artigos falsos confundiu as pessoas sobre fatos básicos, e um terço deles disse ver frequentemente notícias políticas inverídicas na internet. E 71% acreditam que redes sociais e sites de busca têm sua parcela de responsabilidade para conter a disseminação de notícias falsas, de acordo com o jornal “Financial Times”.

As críticas persistiram em meio a relatos de que pessoas nos EUA e outros países têm produzido, deliberadamente, notícias falsas com conteúdo sensacionalista, que eram frequentemente mais lidas do que reportagens de grandes empresas de comunicação. Pelas regras do Facebook, um determinado post só era analisado em relação aos “padrões da comunidade” após um usuário denunciá-lo.

A empresa informou ainda que buscará cortar o incentivo financeiro para spam, tentando identificar sites que dizem oferecer conteúdo, mas têm apenas anúncios.

Facebook busca um “executivo de notícias com experiência”

Apesar das mudanças, o Facebook foi cuidadoso ao apresentar as ferramentas, mostrando sua aversão a ser visto como adotando uma postura editorial ou política. A rede social também sempre fez questão de ressaltar que não é uma empresa de mídia, por isso não seria responsável por notícias compartilhadas pelos usuários.

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“Notícias falsas significam coisas diferentes para pessoas diferentes”, destacou Mosseri. Nós estamos focados é no pior do pior. Não estamos tentando entrar na área cinza da opinião.

Só que esse discurso vai de encontro a um anúncio na página de vagas abertas na empresa. Segundo o site Mashable, o Facebook busca um “executivo de notícias com experiência” para chefiar as parcerias jornalísticas da rede social. O texto da descrição do trabalho informa que o profissional será “uma voz do Facebook voltada ao público e do papel da rede social no ecossistema de notícias”.

O Mashable afirma que a rede social já tem uma divisão de parcerias jornalísticas que trabalha diretamente com as empresas de comunicação para compartilhar funcionalidades e solicitar feedback. É essa a equipe que cuida dos vídeos ao vivo na plataforma e dos Instant Articles (ferramenta de publicação de notícias dentro da rede social).

A equipe, informa o site, é liderada por Andy Mitchell, que tem mais de 15 anos de experiência na CNN. Agora, o Facebook quer alguém com pelo menos 20 anos de experiência em “notícias, com histórico e compreensão fortes do negócio”. E as exigências não param aí: é necessário histórico comprovado de que “construiu, iniciou e gerenciou um novo negócio e/ou oportunidades organizacionais”.