Fidelização
Pessoas estão amarradas por décadas
A nova "timeline" do Facebook vai amarrar pessoas pelos próximos 20 ou 30 anos, disse ontem Paulo Henrique Ferreira, diretor da Clickweb e presidente da Associação Paranaense de Agências Digitais (Apradi). "Hoje são 750 milhões de usuários no mundo e logo serão 3 bilhões", completou. Para ele, são novidades como essa que traduzem o que Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook, disse ontem: "O próximo ano será definido pelo engajamento dos usuários na rede social."
Sérgio Coelho, diretor de Planejamento da Midiaweb, afirmou que a movimentação nesse sentido vem sendo percebida nas últimas semanas. "Os donos dos perfis podem organizar melhor as informações." Além disso, completou, todo o esforço das empresas é válido porque os gigantes do setor querem descobrir qual é a plataforma que as pessoas vão usar para uma variedade de atividades.
As mudanças que surgiram nas últimas semanas provocaram reações nos usuários da rede social. Muitos não gostaram. O Facebook lançou o "principais notícias" top story, que muda a sequência das atualizações e o "novidades", que cria uma janela de atualizações em tempo real, em cima da coluna de bate-papo.
"Faz parte da evolução de qualquer plataforma", disse Coelho, ao comentar as reclamações dos usuários, que tendem a ficar confortáveis em suas posições e rejeitar as mudanças. Para Ferreira, está prevista na estratégia de negócio lançar o mínimo, com qualidade, e depois apresentar novidades. "É preciso deixar o usuário com a expectativa de mudança", afirmou.
Viviane Favretto
O vídeo de apresentação da nova "timeline" do Facebook começa com a foto de uma criança recém-nascida e a legenda: "Andy Sparks was born (Andy Sparks nasceu)". A partir daí a vida de Andy passa a ser contada por meio de suas atualizações na rede social. Uma foto cantando na escola, um vídeo da graduação no ensino médio, o namoro, o casamento, a gravidez, o filho. Esse é um dos objetivos das muitas mudanças anunciadas ontem no redesenho do Facebook: em vez de ser apenas uma coletânea de atualizações em ordem cronológica, os perfis dos usuários passarão a ser uma espécie de memória virtual de suas vidas, uma autobiografia selecionada.
"Imagine que você acaba de se reencontrar com um velho amigo você gostaria de saber que ele comeu ovos esta manhã ou saber que ele arranjou um trabalho dos sonhos? Da maneira como os perfis funcionam hoje, 99% das histórias que você compartilha desaparecem. A única maneira de encontrar um post é clicar em posts antigos no pé da página. E continuar clicando e clicando", afirma o comunicado do Facebook sobre o novo design.
As mudanças começarão gradualmente em algumas semanas, e o usuário poderá ver uma prévia da nova página antes de fazer a migração. A nova "timeline" vai coletar todos os updates do usuário, os aplicativos que ele usou e onde fez check-in desde que ingressou na rede social. O que passará a ser coletado dependerá da escolha de cada um: se quiser, por exemplo, que o perfil mostre os filmes assistidos, basta instalar um aplicativo com essa função. Outra novidade, que terá grande impacto visual no perfil, é a foto que ficará no topo, passando a ocupar toda a extensão da página. "Será possível esconder informações que considerar irrelevante para mostrar apenas quem você é", sintetizou Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, durante a apresentação, transmitida ao vivo pela internet.
Mais integração
Além das alterações nas páginas de perfil, o Facebook revelou várias novidades para o compartilhamento de músicas, filmes e notícias. Em parceria com a empresa europeia Spotify (que ainda não opera no Brasil), os usuários poderão ouvir a música que seus amigos estão escutando. Já o aplicativo do Netflix, empresa de streaming de vídeos que chegou recentemente ao país, permitirá ver o que os amigos estão assistindo, clicar no filme ou na série e também passar a assistir, dentro da própria página do Facebook. O objetivo é aumentar o engajamento entre os usuários.
Empresas de produção de conteúdo também apresentaram novidades, como o Washingnton Post e o Yahoo News, que terão aplicativos para a leitura e o compartilhamento de notícias.
"Nos últimos cinco anos as redes sociais foram sobre atrair pessoas e fazer com que elas se conectassem. Os próximos cincos serão definidos pelos aplicativos e o nível de engajamento", afirmou Zuckeberg.
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