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O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União-CE), afirmou nesta sexta-feira (27) que a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a meta fiscal é “brochante” para a política econômica e causa constrangimento ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta manhã, o petista disse que o mercado é “ganancioso” e que dificilmente cumprirá a meta de déficit fiscal zero estabelecida por Haddad para 2024.
“As declarações do presidente Lula sobre o abandono da meta fiscal causam constrangimento ao ministro Fernando Haddad, que tem lutado muito para o atingimento do déficit zero a partir da aprovação da agenda econômica. Desde abril venho defendendo a necessidade de alteração da meta fiscal, dentro de uma construção política, com diálogo e transparência. Sempre defendi um orçamento enxuto, exequível e realista, que dê previsibilidade à execução orçamentária. Isso passa também pela votação dos vetos ao arcabouço fiscal, que precisam ser apreciados com celeridade”, afirmou Forte.
Durante um café da manhã com jornalistas, Lula disse que o governo fará tudo “para cumprir a meta fiscal”, mas ressaltou que a meta “não precisa ser zero”. “Dificilmente chegaremos à meta zero até porque não queremos fazer corte de investimentos e de obras. Eu não vou começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país. Eu acho que, muitas vezes, o mercado é ganancioso demais e fica cobrando a meta que eles acreditam que vai ser cumprida”, afirmou o presidente.
Para o relator da LDO, a fala de Lula é "brochante" para a pauta econômica, que ainda sofre ainda resistências no Legislativo. “Trata-se de uma fala brochante para a pauta econômica, que sofre resistências no Legislativo. Até porque o próprio atraso na votação da LDO ocorreu para dar a oportunidade para o governo federal realizar o convencimento acerca das propostas da equipe econômica”, acrescentou.
“Estarei, como sempre, à disposição do Executivo para rediscutirmos os números reais da economia dentro da perspectiva de uma possível mudança na meta de resultado primário”, acrescentou o deputado. Mais cedo, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, citou que o cenário poderá ser desafiador para o resultado fiscal de 2024, mas descartou mudar a meta do déficit.
“Houve uma piora do cenário externo nas últimas semanas. Os indicadores apontam para uma desaceleração econômica no Brasil, e acompanhamos os impactos, mas continuaremos buscando o melhor resultado fiscal possível em 2024″, disse Ceron, informou o Estadão. “Continuaremos buscamos o déficit zero em 2024, mas podemos ter fatores extraordinários. A análise mais macro de 2024 está em curso, mas nada muda na busca por déficit zero”, acrescentou.