Economistas alertam que os aumentos sucessivos nos gastos que não podem ser cortados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastam investimentos. "Qual é o empresário que vai querer investir num país com desequilíbrio estrutural em suas contas?", questionou o economista Joel Bogdanski, do Banco Itaú. A diretora da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, Clarice Messer, observou que o crescimento das despesas com pessoal e custeio da máquina reduz a possibilidade de o governo investir. "Não é de espantar que os investimentos privados, que vêm a reboque dos públicos, caminhem a passo de tartaruga", disse.
O investidor vê esse quadro com desconfiança porque percebe que se a despesa do governo não cai, a receita também não poderá cair. "Não há perspectiva de redução da carga tributária", comentou Bogdanski. "Além disso, mostra que o País não está preparado para tempos mais difíceis".
Ele lembra que o Brasil "surfou na onda do crescimento mundial", mas não aproveitou os tempos de bonança para melhorar as bases da economia. "Vamos para o segundo ano consecutivo sem avanços significativos nas propostas de reforma econômica que estão no Congresso", disse.
Para o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, o modelo de expansão de gastos do governo é algo que só se sustenta enquanto a economia e a arrecadação estão crescendo. De fato, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, acha que o aumento das despesas com pessoal e custeio não é preocupante porque elas estão estáveis há alguns anos quando calculadas como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). O problema é se o PIB cair, puxando para baixo a arrecadação. "Se a arrecadação cai, vai sobrar para quem?", questionou Montero. "Vão cortar investimentos. Ou então, seguram os investimentos das empresas estatais. Qualquer uma das opções é ruim para a economia". avalia.
Além de afastar investimentos por criar um quadro de insegurança nos agentes econômicos, a gastança federal tira a margem de manobra do governo diante de crises econômicas. Nesses momentos, as fontes de financiamento da dívida pública tendem a se tornar escassas.
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