A decisão sobre o aumento da mistura do biodiesel foi adiada mais uma vez, deixando o setor -- que trabalha com grande capacidade ociosa -- em compasso de espera enquanto aguarda parecer do Ministério da Fazenda, disse nesta quarta-feira o coordenador da Frente Parlamentar do Biodiesel. "A notícia é que a minuta da medida provisória está pronta, e foi para a presidente --que tem interesse pela mistura maior--, mas quando caminhava para ser publicada foi bloqueada pela Fazenda", disse o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que preside o grupo.
O deputado disse que se reuniu mais cedo com o ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão, para discutir sobre possível mudança, dos atuais 5 por cento para seis por cento (B6). Segundo ele, o ministro Lobão disse que a medida não seguiu adiante porque ainda depende de análises do Ministério da Fazenda sobre o impacto inflacionário.
Inicialmente, o setor esperava que o marco regulatório para o setor fosse publicado no começo deste mês, quando já teria validade para o próximo leilão de biodiesel realizado pelo governo no começo do próximo ano. "Mas agora tem o recesso. Se não for publicada (a MP), (a mudança) não vai valer para o primeiro leilão. O sufoco do setor é grande", disse o deputado.
A indústria diz ter condições para cobrir o aumento da demanda pelo biocombustível. O setor argumenta ainda que o aumento minimizaria o impacto das importações do diesel, que pesam sobre as operações da Petrobras e afetam a balança comercial brasileira. "O programa foi criado com a Dilma à frente do ministério. Agora você vê empresa fechando, quase metade está ociosa. Mostra quase um processo de abandono do programa de biodiesel", disse Goergen, acrescentando que a indústria já investiu 6 bilhões de reais para produção do biocombustível.
Questionada sobre o encontro, a assessoria do ministério informou que o ministro esteve em despachos internos pela manhã e não comentou o assunto.