O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo, responsável pela Sondagem Industrial divulgada nesta sexta-feira (18), afirmou que o setor está se preocupando mais com a falta de demanda. "A falta de demanda se tornou o segundo principal problema da indústria, só perdendo para a carga tributária", comparou Azevedo.
Segundo ele, isto está elevando o nível de estoques das empresas - em especial as grandes companhias. "Houve um acirramento, mesmo com a produção caindo em junho. Os estoques ficaram acima do planejado", disse.
A CNI não conseguiu medir o "efeito Copa" sobre o recuo da produção apontada pela Sondagem, mas a entidade avalia que o número de empregados da indústria "deve continuar caindo" nos próximos meses. De acordo com o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, o ano está sendo pior que o esperado quando ele começou. "A indústria esperou um 2014 melhor do que ele está sendo", afirmou.
Fonseca disse ainda que a expectativa do setor produtivo sobre uma eventual melhora no nível de demanda é uma das mais baixas dos últimos anos. De acordo com a Sondagem Industrial, a expectativa saltou de 27,6 pontos no primeiro trimestre para 40 7 pontos no segundo semestre.
"Essa expectativa de demanda está muito baixa, deveria estar próxima de 60 pontos", disse. Fonseca avaliou que o fato de a indústria ter começado a demitir, o que custa caro e significa perder mão de obra qualificada, é um sinal de que a confiança na retomada da economia no segundo semestre é pequena.
"A confiança pode mudar ainda este ano. Agora, dificilmente a produtividade vai responder rápido, principalmente porque agora você começou a perder emprego", considerou. "É difícil a economia retomar um crescimento forte neste ano, porque as condições internacionais não são muito boas."