Fábrica da Polar: empresa se propôs a comprar dólar 34 vezes mais caro que o câmbio oficial, mas governo venezuelano não deixou.| Foto: Federico Parra/AFP

Venezuelanos têm se frustrado com sucessivos cortes de energia e restrições ao uso de água. Agora estão diante de nova infâmia: racionamento de cerveja. A Empresas Polar, maior cervejaria do país, anunciou na quarta-feira (20) que será forçada a interromper a produção de cerveja porque é incapaz de conseguir a moeda estrangeira necessária para importar cevada maltada.

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“Não temos como repor nosso estoque. Temos cevada maltada suficiente apenas até 29 de abril”, informou a companhia em comunicado. “Por isso, nos vemos obrigados a suspender a produção de cerveja até termos acesso à moeda estrangeira necessária para adquirir o material.”

A Venezuela atravessa a pior recessão em décadas com a queda dos preços do petróleo, que corresponde a 95% dos ingressos de moeda estrangeira – o que traz as reservas internacionais a US$ 13 bilhões, menor valor em 13 anos. Em 2015, a economia retraiu 5,7% e é esperada uma redução de 8% para este ano, de acordo com o FMI. A inflação deve atingir 500%.

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A Polar diz ter pedido ao governo permissão ao governo para comprar moeda estrangeira no câmbio paralelo de 349 bolívares por dólar, contra uma cotação oficial de 10 por 1. “Desde o ano passado, temos alertado o país da grave situação que estamos enfrentando. Também esgotamos as opções de contrair dívida com nossos fornecedores estrangeiros”, disse a companhia. “Para a Polar seguir em condições de oferecer os produtos pedidos pelos venezuelanos, precisamos do oportuno e suficiente acesso a moeda estrangeira.”

Em fevereiro, o presidente Nicolas Maduro chamou o bilionário dono da Polar, Lorenzo Mendoza, de “ladrão” e “traidor” e culpou a empresa pela crise econômica venezuelana.