O apagão de mão de obra qualificada no Brasil fez as grandes empresas nacionais se mexerem para tentar preencher vagas e evitar, num futuro próximo, um blecaute generalizado. A maior aposta é na formação, por conta própria, de profissionais especializados, por meio de universidades corporativas ou em parceria com instituições de ensino.

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Quem não tem tempo para criar esse funcionário, está à caça de mão de obra pronta no mercado brasileiro e lá fora – numa movimentação considerada inédita, e que guarda apenas semelhanças com o que se viu na época da abertura econômica. Um estudo divulgado na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) estima que quatro setores, entre eles o de construção civil, terão dificuldades para preencher 320 mil vagas destinadas a profissionais com qualificação e experiência em 2010.

Na Vale, a procura principalmente por engenheiros fez a companhia retomar e intensificar programas de recrutamento, que estavam suspensos há dois anos.

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Na semana passada, a companhia anunciou um processo seletivo para contratação de 51 engenheiros. Eles serão treinados para gerir novos projetos. É a primeira vez que a empresa oferece um curso de pós graduação desse tipo para novos funcionários.

No ano passado, a cervejaria AmBev investiu R$ 16,3 milhões em sua universidade corporativa, que resultou no treinamento de 32 mil pessoas – o número supera a própria quantidade de funcionários da AmBev, hoje em 24 mil. "É uma maneira de acelerar o desenvolvimento desse profissional na empresa e suprir mais rapidamente possíveis lacunas em cargos de gerência", afirmou Thiago Porto, diretor de gestão de pessoas da cervejaria. Segundo ele, a universidade terá mais R$ 20 milhões neste ano.

A falta de mão de obra qualificada abalou até a sólida política de formação de profissionais da construtora Odebrecht, que tradicionalmente alimenta os cargos de gerência com colaboradores que começaram na empresa ainda como es­­tagiários. "A estratégia única de formar em casa já não atendeu a demanda, tivemos de contratar recursos mais maduros e agilizar a aculturação", afirmou An­­tônio Rezende, responsável por Pessoas e Desenvol­vi­­mento, funcionário da construtora há três décadas. Entre 2007 e 2009, 1.097 pro­­fissionais foram trazidos da concorrência.