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Indústria

Família desunida disputa o controle da Volkswagen

Em lados opostos, dois primos se enfrentam em uma briga que deve terminar com vitória da Porsche. | David Hecker/AFP
Em lados opostos, dois primos se enfrentam em uma briga que deve terminar com vitória da Porsche. (Foto: David Hecker/AFP)

Uma disputa dentro da família Porsche se aproxima do fim, e isso mudará para sempre a cara da Volkswagen, terceira maior montadora do mundo. Na semana passada, a Porsche, empresa alemã famosa por seus caríssimos carros esportivos, anunciou que está perto de comandar a concorrente, com 75% de participação. A notícia fez com que as ações da Volks disparassem, empurradas por especuladores. Por alguns momentos, ela chegou a liderar a lista de maiores companhias abertas do mundo.

Quando conseguir o comando da Volkswagen, Wolfgang Porsche, presidente da companhia que leva seu sobrenome, também terá passado por cima da resistência do primo Ferdinand Piëch, presidente do conselho de administração da Volks. Os dois são netos de Ferdinand Porsche, o patriarca da família, que desenhou o protótipo que deu origem ao Fusca.

Volkswagen e Porsche têm um relacionamento antigo, mas só nos últimos três anos a administração da pequena montadora de esportivos decidiu atacar a parceira – um conglomerado que vende mais de 6,5 milhões de veículos por ano. Para Wolfgang Porsche, essa é a oportunidade de assumir um negócio grandioso que tem tudo para ficar mais lucrativo sob sua administração.

A gestão da Porsche, liderada por seu executivo-chefe Wendelin Wiedekin, é arrojada. No início da década passada, a montadora perdia dinheiro e corria o risco de ser vendida. Wiedekin cortou custos e bancou o lançamento de novos produtos, como o off-road Cayenne. Fabricando 100 mil unidades por ano, a companhia tem o melhor retorno do setor – o lucro foi de 5,8 bilhões de euros (R$ 15 bilhões) no último ano fiscal.

Piëch chegou ao posto de executivo-chefe da Volks em 1993 e injetou ânimo em uma empresa que perdia terreno. O poder de inovação da firma foi retomado e ela mudou de perfil. Deixou de ser apenas uma montadora de carros baratos com o lançamento de veículos sofisticados, como o Phaeton, e renovou a marca com o New Beetle.

Essa transformação tende a ser desmontada sob o comando da Porsche. Está claro que Wolfgang Porsche só dará suporte a projetos com retornos claros, sem dar importância aos segmentos de luxo, e que não pensará duas vezes antes de fechar fábricas e demitir para cortar custos. Sistema que contrasta com o jeito social-democrata da administração atual – afinal, o estado alemão da Baixa Saxônia possui 20% da Volks e tem um poder de veto que deve cair com uma decisão judicial nas próximas semanas.

A mudança pode mexer com a Volkswagen do Brasil, pois novas metas valeriam para todas as unidades da companhia. É bom lembrar que a Volks, por mais que tenha subido o tom, com ameaças de demissões e fechamento de fábricas no país, sempre acabou assumindo posições conciliadoras. Com a Porsche, é menos provável que isso aconteça.

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