O varejo farmacêutico paranaense deve terminar o ano com um crescimento entre 1% e 1,5% no número de estabelecimentos. O pequeno avanço é reflexo de um movimento que vem ganhando força: a concentração de mercado. As grandes redes tendem a ficar cada vez mais fortes – comprando pequenas drogarias ou engolindo as concorrentes –, e a competição entre elas deve ficar mais acirrada. O consumidor sai ganhando, já que os preços tendem a cair. Já a saúde financeira de quem participa do mercado vai se deteriorando.

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Com cerca de 5,1 mil farmácias, o Paraná tem uma loja para cada 2 mil habitantes – média superior à nacional, que é de uma drogaria para cada 2,4 mil habitantes. "O número vem avançando pouco nos últimos anos porque, onde abre uma farmácia de rede, fecham quatro ou cinco pequenas", diz Edenir Zandoná Júnior, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos (Sindifarma-PR).

As entidades representativas locais não têm dados sobre a variação do faturamento, mas o Sindifarma-PR e o Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR) apontam que o balanço anual deve indicar estabilidade nas vendas em relação a 2005 – na melhor das hipóteses, um pequeno crescimento. O que se sabe é que, das três maiores redes do estado – excluindo-se franquias como Farmais e Hiper Farma –, pelo menos duas prevêem queda de faturamento. Afetada por um processo de reestruturação, a Drogamed deve fechar o ano com queda de quase 17% – na semana passada, a rede vendeu 11 lojas para a paranaense Nissei, hoje líder no estado, com 83 lojas. A Multifarma, terceira do ranking, com 33 lojas, fala em recuo de 2%.

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Em todo o país, a receita bruta do setor deve crescer 5%, atingindo R$ 26 bilhões, segundo estimativa da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma). "O problema é que o reajuste dos medicamentos ficou entre 3% e 5%. Ou seja, o volume vendido teve aumento pífio. E os custos com folha de pagamento, energia elétrica, telefone e aluguel subiram mais", diz Geraldo Monteiro, assessor econômico da ABC Farma. "Nosso setor está basicamente andando de lado."

Embora as pequenas drogarias costumem ser as primeiras a ser atingidas quando o mercado se consolida, conhecidas redes paranaenses também foram afetadas neste ano. Mais grave foi o caso da Ultramed, que tinha pelo menos dez filiais em Curitiba e deixou de existir há alguns meses, vítima da guerra de preços.

Enquanto alguns conglomerados locais perderam força, a centenária Droga Raia, de São Paulo, avançou em 2006. E a Callfarma surgiu como novidade na disputa pelos preços mais baixos, prometendo vender "o remédio mais barato do Brasil". Mas com um conceito diferente: apenas uma loja e vendas por telefone, o que garantiria custos mais baixos com lojas e funcionários.

Para o consultor Carlos Esteves, diretor da consultoria empresarial Go4!, a consolidação do varejo farmacêutico é um processo sem volta mas, ao menos no Paraná, ainda estaria longe de uma definição – o que sugere que o abre-e-fecha de lojas vai continuar. "O mercado está muito confuso, já que ainda há muitos concorrentes. É natural que, nessas condições, nem todos sobrevivam. A briga vai ficar mesmo entre as grandes, que vão ter de crescer dentro e fora do Paraná", diz Esteves. Se as redes não aumentarem seu poder de negociação com os fornecedores, argumenta, não conseguirão competir com as concorrentes.

Nesse sentido, a Droga Raia sai em vantagem. Chegou ao Paraná em 2003, e deve fechar 2006 com dez filiais – foram cinco inaugurações apenas neste ano. Pequena no estado, é uma das quatro maiores redes do país, com mais de 130 lojas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ou seja, seu poder de barganha com a indústria farmacêutica é superior ao das duas maiores redes paranaenses, a Nissei e a Drogamed, com 83 e 69 lojas, respectivamente. A Multifarma, terceira no ranking, não pretende ficar para trás: apesar da queda no faturamento em 2006, já planeja abrir 12 lojas em 2007.

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