A acomodação do mercado imobiliário e as incertezas econômicas do país fizeram com que o cenário de fartura de lançamentos registrado há alguns anos ficasse para trás. Em 2014, as construtoras apresentaram números conservadores que em nada lembram os picos atingidos nos tempos do boom imobiliário.
Entre janeiro e dezembro do ano passado, o número de unidades residenciais novas lançadas em Curitiba caiu de 5,5 mil para 3,9 mil, no comparativo com o mesmo período de 2013. Voltando um pouco mais no calendário, a retração no ritmo de lançamentos é ainda mais evidente. Em 2011, ano em que a oferta atingiu seu maior índice desde o início do boom (em 2008), foram colocados à venda 16,6 mil apartamentos novos, número quatro vezes maior do que o registrado em 2014. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
Apartamentos novos têm valorização de 7,1%, acima da inflação
Os apartamentos residenciais novos em Curitiba fecharam o ano de 2014 com valorização média de 7,1%. O índice ficou ligeiramente acima dos 6,4% registrados pela inflação do período, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e fez com que o metro quadrado privativo fosse comercializado a R$ 6,2 mil, na média, em dezembro.
Os dados são da pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa.
A maior variação do período foi registrada pelos apartamentos de quatro dormitórios, reajustados em 11,3% no acumulado do ano, com preço do metro quadrado a R$ 8,6 mil. Os imóveis de dois quartos tiveram a segunda maior alta, 6,9%. Studios, lofts e apartamentos de um dormitório, assim como os de três quartos, mantiveram seus índices abaixo da inflação, com correções de 6,1%, e 5,7%, respectivamente.
Reação do mercado imobiliário em 2015 depende do desempenho da economia
Na avaliação dos especialistas, o mercado imobiliário ainda deve sentir os reflexos da desaceleração na oferta de lançamentos em 2015
Leia a matéria completa“Analisar o mercado em unidades é diferente de fazê-lo em VGV [valor geral de vendas], no qual essa queda praticamente não existiu. O que houve foi uma mudança no mix de oferta, com forte redução do tamanho dos produtos econômicos na cidade [que, geralmente, são os que oferecem maior número de apartamentos por empreendimento]. Isso fez com que o total de unidades lançadas fosse menor”, explica Fábio Tadeu Araújo, diretor de Pesquisa de Mercado da Ademi-PR.
No país
Os balanços das construtoras até o terceiro trimestre de 2014 ou já com a prévia dos resultados do ano mostram que a redução da oferta no país é uma realidade em grande parte delas. Entre as empresas analisadas, a PDG é uma das que apresentam as maiores variações nos índices referentes aos novos lançamentos. Em 2014, a empresa colocou à venda 3,4 mil novas unidades, 1,8 mil a menos do que no ano anterior. O VGV lançado também apresentou redução, passando dos R$ 2 bilhões em 2013 para R$ 1,4 bilhão em 2014. No comparativo entre 2014 e 2011, a retração nos lançamentos foi de cerca de 90%.
“Hoje estamos colhendo os frutos resultantes do boom. Os últimos anos foram de muitas entregas e o mercado teve uma acomodação natural. Temos um estoque grande – decorrente também dos distratos gerados pela situação econômica –, que torna sem sentido lançarmos empreendimentos novos para concorrer com estas unidades”, explica Felipe Sebben, gerente regional da PDG em Curitiba.
No caso da Tecnisa, a oferta de novos lançamentos caiu pela metade nos primeiros nove meses de 2014 comparado com o mesmo período do ano anterior. O VGV lançado também foi reduzido em cerca de três vezes, passando dos R$ 1,6 bilhão para R$ 500 milhões.
Crescimento
Na contramão do cenário apresentado pelo mercado, algumas empresas conseguiram ampliar a oferta de novas unidades entre 2013 e 2014. Na MRV Engenharia, os lançamentos cresceram em 3,9 mil unidades (de 25,5 para 29,4 mil unidades), com acréscimo de R$ 800 milhões no VGV em 2014, segundo a prévia operacional da empresa. Mesmo assim, o montante lançado no ano passado é 6,4% menor do que o registrado em 2011.
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