A participação da Grande Curitiba nas exportações do Paraná recuou em 2014 ao nível mais baixo em pelo menos 18 anos. As empresas instaladas nos 29 municípios da região exportaram US$ 3,78 bilhões no ano passado, o equivalente a apenas 23% das vendas do estado ao exterior, pouco mais da metade da fatia recorde alcançada em 2005 (44%).
Os dados foram levantados pela Gazeta do Povo no banco de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que apresenta informações por município desde 1997. Em nenhum momento da série histórica o peso da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) havia sido tão baixo.
As exportações do Paraná, de modo geral, tiveram um 2014 muito ruim. Elas caíram 10% em relação ao ano anterior, para US$ 16,3 bilhões, o valor mais baixo desde 2010. Mas o tombo da RMC foi pior: suas receitas com o comércio exterior despencaram 24%, para o menor nível desde 2009, ano em que a crise internacional arruinou os negócios com outros países.
O encolhimento fica evidente na lista das grandes exportadoras. Das 70 empresas paranaenses que exportaram mais de US$ 50 milhões no ano passado, apenas 16 têm sede na Grande Curitiba.
O mau desempenho da região está diretamente relacionado aos resultados da indústria, que já vinha perdendo competitividade no mercado internacional e, mais recentemente, passou a sentir os efeitos da crise da Argentina, seu principal cliente lá fora. Como a maioria das empresas exportadoras da capital e dos municípios vizinhos produz mercadorias manufaturadas ou semimanufaturadas, a perda de dinamismo do setor industrial se refletiu em forte queda nas receitas da região.
Nos últimos anos, a indústria brasileira enfrentou forte aumento dos custos de produção e teve de lidar com uma taxa de câmbio bastante valorizada. A opção da maioria das empresas foi se voltar, cada vez mais, ao mercado doméstico, onde as condições de competição eram um pouco mais favoráveis.
No caso paranaense, a parcela da produção vendida dentro do Brasil subiu de 74% para 84% entre 2008 e 2013, segundo a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O problema é que essa tábua de salvação também começou a afundar, com a economia brasileira andando de lado e os importados ganhando espaço.
"O contexto macroeconômico é muito desfavorável para a indústria. Como a maior parte da manufatura do estado está instalada na RMC, essa região sofre mais. Isso tem impacto na geração de receitas e, consequentemente, no emprego", diz Julio Suzuki, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) já refletem essas dificuldades. No ano passado, apenas 14% dos novos empregos formais do Paraná foram criados na região de Curitiba, que em meados da década passada chegou a responder por metade da geração de vagas com carteira assinada. "Como os salários da indústria são mais elevados, a queda do emprego industrial tem impacto mais forte sobre a renda interna do estado", diz o economista Roberto Zurcher, do departamento econômico da Fiep.