O faturamento real da indústria despencou 8,4% de janeiro a abril deste ano, o pior patamar já registrado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o período. A série histórica da entidade tem início em 2003. Até o momento, o pior resultado para os quatro primeiros meses de um ano havia sido registrado em 2006, com um recuo de 1,2% no faturamento.
O desempenho do emprego industrial, e das horas trabalhadas na produção, também confirmam a forte freada na indústria no começo deste ano. De janeiro a abril de 2009, o emprego industrial recuou 2%, também o pior resultado da série da CNI, enquanto as horas trabalhadas na produção (indicador que mais reflete o nível de atividade da indústria) teve queda de 7,7% - também o número mais baixo da série que começa em 2003.
Cenário negativo, mas em transição
"Os indicadores confirmam um cenário bem negativo nos primeiros quatro meses deste ano. Mostra que o patamar de produção, e no mercado de trabalho, continua a registrar um nível de produção bem aquém do ano passado e do desejado. Isso é reflexo da crise financeira internacional", avaliou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Mesmo assim, o economista acredita que o segundo trimestre deste ano (período de abril a junho) será caracterizado por um período de transição para a indústria. "Estamos em um fase de transição em um nível baixo. No segundo trimestre, alternaremos indicadores positivos e negativos", disse ele, que espera uma "recuperação mais sustentada" no segundo semestre deste ano.
Castelo Branco afirmou que o "pior já passou", pois, em sua visão, "não há mais piora do quadro". "A situação crítica, que se caracterizou por incerteza e pânico generalizado, já foi ultrapassada", disse ele.
Setores
O faturamento da indústria recuou, de janeiro a abril, para 11 dos 19 setores pesquisados pela CNI. Em cinco dos setores (Alimentos e Bebidas, Minerais não-metálicos e Outros Equipamentos de Transportes, Edição e Impressão e Refino e Álcool), houve crescimento, enquanto foi registrada estabilidade em outros três (vestuário, couros e calçados e papel e celulose). Dos setores com queda, o pior desempenho foi registrado pelos seguintes: metalurgia básica (-3,6%), Produtos Químicos (-2,2%) e Máquinas e Equipamentos (-1,5%).
Mês de abril
O mês de abril, na comparação com março, também não foi positivo para a indústria. No mês retrasado, o faturamento real caiu 1,9%, em termos dessazonalizados (descontando variação de dias úteis de um mês para o outros), o pior resultado desde janeiro deste ano, quando o indicador recuou 1,8%. Segundo análise da CNI, a queda de 4,7% do dólar, em abril, foi um dos fatores que contribuiu para a queda das vendas reais no período.
O emprego industrial, por sua vez, recuou 1,1% em abril, na comparação com o mês anterior, o pior resultado de toda a série histórica da CNI, com início em 2003. É o sexto mês consecutivo de queda do emprego industrial. Desde outubro, quando houve agravamento da crise financeira, o emprego industrial já recuou 5,3%. "A persistência para a queda do emprego também aponta a ausência de recuperação da atividade industrial", avaliou a CNI.
Em abril, as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 0,1%, também em termos dessazonalizados, o valor mais baixo desde fevereiro (-0,8%).
Uso do parque fabril
A boa notícia dos indicadores industriais de abril referem-se ao nível de uso do parque fabril da indústria. No mês retrasado, o índice dessazonalizado subiu para 79,2%, contra 78,8% em março de 2009. É o terceiro mês seguido de aumento do uso do parque industrial.
"Está havendo um encerramento do ciclo de estoques da indústria, o que mostra uma melhora da demanda [procura pelos produtos]. Isso vai se transferir para a produção", avaliou Castelo Branco, da CNI.
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