Faturamento da indústria recua 5,2%

O feriado de carnaval no mês de março fez os indicadores da indústria brasileira recuarem em relação a fevereiro deste ano, de acordo com a pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Após um forte crescimento em fevereiro, a utilização da capacidade instalada recuou um ponto porcentual, para 82,4%. O faturamento das indústrias teve queda de 5,2% entre os meses e as horas trabalhadas diminuíram 2,4%. Já o mercado de trabalho se manteve estável, com queda de 0,1% ante o mês anterior. Indicadores de massa salarial e rendimento mantiveram taxas positivas.

Apesar da queda no faturamento das indústrias, o indicador aumentou 2% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, o que mostra que a produção industrial manteve seu ritmo de crescimento. "A gente já esperava esses dados, devido a este março atípico. A indústria estava crescendo rapidamente em 2010, por causa da base de comparação fraca de 2009. Precisamos olhar os dados a partir de abril, mas vemos que a indústria nacional está voltando a crescer de forma moderada", analisa Marcelo de Ávila, economista da CNI.

Segundo a pesquisa Indicadores Industriais, os setores que mais tiveram queda de faturamento em março em relação ao mesmo mês de 2010 foram papel e celulose (-9,7%), têxteis (-10,8%) e móveis (-23,8%). "A retração nestes setores pode ser explicada pela invasão de importados, principalmente em relação aos têxteis, que estavam se recuperando da crise internacional. Os móveis tiveram queda pela diminuição das exportações, devido à menor demanda dos Estados Unidos, e também por causa do real valorizado", ressalta Ávila.

Paraná tem melhor 1.º trimestre em 25 anos

O crescimento da atividade da indústria paranaense no terceiro mês do ano garantiu recordes ao estado. De acordo com Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o crescimento da atividade industrial em março deste ano sobre o mesmo período do ano passado foi de 6,61%. O resultado, segundo o economista da Fiep Roberto Zurcher, também foi influenciado pelo carnaval, mas mesmo assim o primeiro trimestre teve aumento de 10,81% em relação a igual período de 2010 – melhor primeiro trimestre para a indústria paranaense da série histórica, medida desde 1986. "Este primeiro trimestre foi marcado por uma intensa atividade industrial e, consequentemente, um bom nível de emprego. Além disso, houve aumento do crédito em todo o Brasil, o que no Paraná significa impacto positivo na indústria automobilística, na linha branca e nos móveis", destaca o economista.

Apesar da forte expansão do primeiro trimestre, a indústria paranaense deve diminuir o ritmo de crescimento ao longo do ano. "Daqui para frente teremos uma variação decrescente, já que as medidas para restringir a inflação já começam a surtir efeitos sobre vários setores. Mas isso significa que haverá diminuição apenas na velocidade do crescimento", salienta Zurcher.