O faturamento da indústria subiu 0,2% em julho e expressivos 9% nos sete primeiros meses deste ano, o que representa novo recorde para este período, segundo revelou nesta quarta-feira (3) a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A série histórica da entidade tem início em 2003.
O recorde anterior de faturamento da indústria, para os sete primeiros meses de um ano, havia sido registrado em 2004, quando o faturamento industrial avançou 5,5%. De janeiro a julho de 2007, subiu 5,3%.
"Este ano está sendo bem melhor do que 2004 e 2007", notou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Já o economista da entidade, Paulo Mol, notou que a taxa se aproxima de inéditos 10%. "O ritmo está próximo à casa de dois dígitos e o crescimento é bastante disseminado na indústria", disse ele.
Paulo Mol avaliou que a elevação do faturamento industrial da indústria neste ano está ligada ao aumento da demanda do mercado interno por produtos e serviços. "O consumo das famílias está alto, assim como os gastos do governo. E também há os investimentos por parte das empresas, ao mesmo tempo em que o crédito continua a subir. A demanda interna é que tem dinamizado este crescimento da indústria", disse ele.
Atividade industrial
As horas trabalhadas na produção industrial, indicador mais relacionado com o nível de atividade, subiu 0,5% em julho deste ano, contra o mês anterior, e 6,1% nos sete primeiros meses de 2008 - também o maior valor de toda a série histórica. A CNI ressaltou ainda que as horas trabalhadas, além de crescerem "intensamente", acumulam o mais longo período de expansão (12 meses consecutivos) desde 2003.
"A atividade industrial começa o segundo semestre com nível intenso. Ela vem crescendo desde o fim de 2007 e não tem dado muitos sinais de arrefecimento [desaceleração]. Mas esperamos um arrefecimento ao longo do segundo semestre por conta dos aumentos de juros e de um quadro internacional menos favorável, com redução da atividade", avaliou Castelo Branco.
Emprego industrial
O emprego industrial também continuou registrando crescimento em julho deste ano, quando avançou 0,6% sobre o mês anterior e 4,4% sobre julho de 2007. No acumulado de janeiro a julho de 2008, o emprego na indústria cresceu 4,4%. Com esse aumento, a entidade avaliou que foi mantido um "ritmo inédito" de expansão registrado desde maio.
"Dentre as variáveis pesquisadas, o emprego é a que cresce de forma mais regular: são 32 meses seguidos do crescimento do emprego", informou a CNI. Segundo a entidade, a intensidade na elevação do emprego também é um fator de destaque.
Uso do parque fabril
O nível de utilização do parque fabril da indústria, porém, subiu para 83,5% em julho deste ano, o maior valor de toda a série histórica da CNI. Em junho, estava em 83,3% e, em dezembro de 2007, em 83%. O indicador de uso do parque fabril é acompanhado com atenção pelo Banco Central, pois, se o nível de utilização da capacidade instalada sobe, também aumentam os temores de que haja reajustes de preços.
Os economistas da CNI avaliaram que os investimentos efetuados pela indústria, necessários para ampliar o parque fabril e reduzir o seu nível de utilização, estão "maturando" [amadurecendo]. Entretanto, admitiram que são necessários mais investimentos.
Para Castelo Branco, é justificável a intenção do BC de adequar o ritmo entre a oferta e a demanda por produtos e serviços no Brasil, por meio dos aumentos de juros, de modo que o crescimento da economia se sustente ao longo do tempo. Entretanto, ponderou que os índices recentes de inflação, que mostraram desaceleração, indicam que a subida de juros talvez não precise ser tão intensa, e prolongada, quando o sinalizado há alguns meses.