Após 18 meses de alta, o faturamento das micro e pequenas e empresas (MPEs) paulistas recuou em abril, segundo a pesquisa Indicadores de Conjuntura, divulgada hoje pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP). A retração foi de 1,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O setor que mais colaborou para o resultado negativo foi a indústria, que registrou queda de 8,2%. No comércio, a queda foi menos acentuada, de 1,6%. O segmento de serviços foi o único com resultado positivo, com crescimento de 3,2% no período.
Segundo o Sebrae-SP, a indústria sofre com a concorrência com produtos importados e as medidas de restrição de crédito adotadas pelo governo, já que o setor é o que mais depende de financiamento. Já no setor de serviços a situação é inversa, porque não existe a concorrência com importados e, como as vendas têm valor mais baixo, as empresas não precisam de financiamento.
Na divisão pelas regiões do Estado, a maior retração no faturamento das MPEs em abril ocorreu no Grande ABC (queda de 6 0%). Na região metropolitana de São Paulo o recuo foi de 1,8%. Em seguida aparecem o Interior (baixa de 1,3%) e a Capital (recuo de 0,2%). Na comparação de abril com março deste ano, o faturamento das MPEs paulistas recuou 3,5%.
Apesar da retração no faturamento, existem atenuantes. O Sebrae-SP lembra que abril de 2011 teve um dia útil a menos que o mesmo mês do ano passado. Além disso, abril de 2010 foi o melhor mês de abril da história da pesquisa e o segundo melhor resultado da série, iniciada em 1998. Ou seja, a base de comparação é relativamente forte.
O Sebrae-SP estima que o faturamento das micro e pequenas empresas em abril deste ano foi de R$ 25,5 bilhões. O cálculo é feito multiplicando-se o faturamento médio individual das empresas (de R$ 19.235,80 no mês) pelo total de companhias no Estado (1,32 milhão).
Perspectivas
A pesquisa do Sebrae-SP também avalia as expectativas dos empresários para os próximos seis meses. Em relação ao seu faturamento, 48% dos entrevistados acreditavam, em maio, que ele ficaria estável (mesmo índice observado em abril). Outros 34% esperavam melhora (ante 36% em abril) e 5% previam piora (estável ante o mês anterior). Os 13% restantes não sabem qual é a perspectiva para o faturamento.
Sobre o futuro da economia brasileira nos próximos seis meses, também houve uma deterioração nas perspectivas dos microempresários. O nível dos que esperavam melhora caiu de 32% em abril para 28% em maio. Outros 49% acreditavam na manutenção do desempenho (ante 48% um mês antes) e 13% eram mais pessimistas, prevendo uma piora da economia brasileira (de 11% em abril). Os que não sabem somavam 9%.
O Sebrae-SP lembra que a economia brasileira tende a apresentar um ritmo menor de crescimento nos próximos meses, o que se refletirá no faturamento das MPEs. Um dos fatores que deve contribuir para essa desaceleração é o aumento da taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação, o que vai elevar o custo dos investimentos e reduzir as vendas a prazo. Outro fator é a valorização do real ante o dólar, que torna os produtos importados mais baratos.
A pesquisa Indicadores de Conjuntura é realizada mensalmente pelo Sebrae-SP, com apoio da Fundação Seade. O levantamento é feito em 2,7 mil MPEs de todo o Estado, nos segmentos de indústria (11%), comércio (57%) e serviços (32%).
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