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Duas rodas

Faturamento do setor de motos tem queda de 30%, diz Abraciclo

O setor de duas rodas ainda não viu a recuperação econômica destacada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos meses. A produção e vendas de motocicletas fecham mais uma vez em baixa, consequência da falta de crédito no varejo e de incentivo fiscal, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Assim, o faturamento registra queda de 30% no faturamento, na comparação com o total somado em 2008, de R$ 12 bilhões.

Ou seja, a crise no setor rende às fabricantes um prejuízo na ordem de R$ 3,6 bilhões, de acordo com o presidente da Abraciclo, Paulo Shuiti Takeuchi. Segundo balanço da entidade divulgado nesta quinta-feira (10), o mês de novembro fechou com baixa de 16,6% nas vendas de motocicletas para o mercado interno, na comparação com outubro, para 121.875 unidades, e de 16% na produção, com 115.946 unidades fabricadas. Esta foi a segunda queda consecutiva, já que outubro havia apresentado números 2% inferiores a setembro.

De acordo com Takeuchi, era esperada a retomada das vendas nos últimos três meses, mas a dificuldade na aprovação de crédito ainda afeta a venda de motocicletas. O retorno da cobrança do Cofins também é apontado por Takeushi como inibidor de vendas. "A procura continua alta, mas os negócios concretizados não seguem a intenção de compra", diz o representante do setor.

Para resolver o problema da liberação de crédito no varejo – especialmente para o público que adquire motos de baixa cilindrada — o presidente da Abraciclo defende a cobrança de taxas de juros menores por parte dos bancos e que estes diminuam as exigências nos cadastros de pessoa física. "Sem dúvida, para isso, teremos de tomar medidas que minimizem o risco dos bancos nesse tipo de financiamento, já que a inadimplência no setor de motos ainda é mais alta em relação ao setor de carros", observa.

Para o setor de duas rodas o volume de crédito disponível é de R$ 6 bilhões ao ano. De acordo com Takeuchi é necessário entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões para as vendas voltarem à "normalidade". "Sem dúvida os bancos preferem investir nos financiamentos de carros do que nos de motocicletas", ressalta.

Outra medida defendida pela entidade é o retorno do desconto sobre o Cofins. Segundo Takeuchi, a Abraciclo está em negociação com o governo federal para que a isenção do imposto volte. "Seria muito importante um benefício assim agora no final do ano. Muitas empresas farão férias coletivas por causa da diminuição da produção e alertamos o governo pelo risco de demissões no setor", argumenta.

Nas exportações, novembro apresentou alta de 12,8% sobre outubro, porém, no comparativo com novembro do ano passado, registra queda de 41,4%. Já no acumulado do ano, as perdas são de 56,1%

Perdas acumuladas passam de 30%

Afetado pela crise mundial, o setor duas rodas já acumula retração de 31,1% na produção, de novembro de 2008 a novembro de 2009. Mas a Abraciclo mantém o otimismo com base na demanda crescente. O mercado de motocicletas deve fechar o ano com 1,49 milhão de unidades produzidas, diante de 2,126 milhões de 2008, e de 1,56 milhão de motos comercializadas – no ano passado foram mais de 1,879 milhão.

Para 2010, a entidade prevê uma retomada do crescimento, com aquecimento já no primeiro trimestre de 2010. "Existe a perspectiva de que fechemos o ano que vem com números em vendas para o mercado interno 15% maiores do que os registrados em 2009", afirma Takeuchi.

Bicicletas

O mercado de fechará 2009 com números 8,6% menores do que no ano anterior, com a comercialização de 5,3 milhões de bikes, contra 5,8 milhões em 2008. Para a Abraciclo, mesmo com a queda, o resultado é considerado "satisfatório".

Porém, a previsão para 2010 é de crescimento de 7,2%, alavancados por medidas de incentivo do governo, como o programa "bolsa-bicicleta", que disponibilizará o veículo para crianças e adolescentes residentes em zonas rurais do país. Assim, a produção deverá atingir o patamar de 2 milhões de unidades. A Copa do Mundo e as Olimpíadas também dão sinais de aquecimento do mercado, que prevê chegar em 2012 comercializando mais de 6,3 milhões de bicicletas.

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