Brasília - Na tentativa de conter a disputa de poder que tomou conta da Receita Federal e minimizar o desgaste que sofreu dentro do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nomeou ontem Otacílio Dantas Cartaxo como secretário interino.
Braço direito da ex-secretária Lina Vieira, Cartaxo é o primeiro da lista de 25 nomes entre superintendentes, coordenadores e assessores diretos da Receita que assinaram um manifesto com críticas à saída Lina. No texto, os técnicos elogiam a liderança da ex-secretária e afirmam que sua dispensa "perturba" o clima e "traz graves prejuízos" à secretaria.
Cartaxo foi uma escolha para conter a rebelião que se iniciou com a notícia da demissão de Lina. Claramente dividida entre o grupo que apoia a ex-secretária e o que ainda se ressente da saída de Jorge Rachid (antecessor de Lina), a Receita foi palco de fortes articulações para a escolha do novo secretário.
Na segunda-feira, pelo menos sete superintendentes ameaçaram deixar o cargo caso Mantega nomeasse pessoas identificadas com o grupo de Rachid. Inicialmente disposto a mudar toda a estrutura do órgão, Mantega teve de ceder. Com a Receita no centro dos debates da CPI da Petrobras o ministro e sua equipe avaliaram que não poderiam correr o risco de perder o controle da secretaria.
Ao assumir o comando da Receita, Lina trocou toda a cúpula do órgão e se cercou de funcionários da sua confiança. A avaliação de pessoas próximas é que a secretária partiu em voo próprio, e Mantega e o secretário-executivo, Nelson Machado, encarregado de supervisionar o trabalho da Receita, perderam influência.
O grande desgaste da secretária ocorreu em maio, quando bateu de frente com a Petrobras por causa de uma compensação de tributos que os fiscais consideraram irregular. A reação da Receita deu munição aos defensores da CPI, instalada depois no Senado para investigar a estatal.