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O ministro da Fazenda, Guido Mantega disse ontem que o governo brasileiro não deve retirar as medidas adotadas nos últimos anos para compensar a valorização do real. "O câmbio está devolvendo o que se valorizou", afirmou. Segundo ele, não há um "patamar aceitável" para a taxa de câmbio. A desvalorização, disse, trará alguns benefícios para o setor exportador, mas se vier com maior força pode preocupar o governo, em especial, pelos seus efeitos sobre os devedores brasileiros. "Não vamos fazer ilações. Para isso acontecer, a crise terá de se agravar muito", afirmou. "Agora, se a coisa ficar feia, teremos de repensar tudo e ver o que precisa ser feito."

A avaliação do Ministério da Fazenda é que o movimento de alta mais forte da moeda americana é transitório. Mesmo que o nível de R$ 1,80 se configure num novo patamar para a taxa de câmbio, a equipe econômica afirma que não haveria maiores preocupações com o repasse da alta do dólar para a inflação doméstica.

As fontes mantêm a análise de que a desaceleração da atividade da economia brasileira e mundial contribui para conter a pressão da alta do câmbio sobre os preços. "Neste nível, a transferência do câmbio para inflação doméstica é pequena ou estatisticamente fraca no Brasil, especialmente em um contexto de acomodação da economia brasileira", disse uma fonte da equipe econômica.

O momento é de cautela porque a taxa de câmbio está na direção que o governo deseja. Mas, se for necessário, o governo está pronto para agir rapidamente, como tem feito desde a crise internacional de 2008, para evitar a especulação. Desde aquela época, o governo vem monitorando a exposição cambial das empresas e bancos para evitar surpresas.

Inflação, sim

Embora o governo fale em pouco risco à inflação, analistas dizem que a disparada do dólar tende a agravar um cenário de preços que já não era dos melhores. "A alta da moeda vai se traduzir em aceleração da inflação e só vai piorar um processo que já seria ruim", diz o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. "O re­­pas­­se dessa alta deve demorar de dois a três meses, mas já há a expectativa de que todos os itens do IPCA acelerem daqui para frente. Com isso, facilmente o teto da meta [de 6,5%] poderá ser rompido", prevê. O economista acredita que a moeda americana seguirá volátil no curto prazo, reflexo principalmente das preocupações dos investidores em relação aos desdobramentos da tensão econômica internacional.

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