Cada vez mais populares, aplicativos de mensagens para smarpthones têm assumido a dianteira como principal meio de comunicação do país e afetado a receita das empresas de telefonia com os serviços “tradicionais”, como voz e SMS. Estudo da consultoria Teleco mostra que o tempo médio que o brasileiro passa falando ao celular, via operadora, diminuiu 15% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior – a média mensal por usuário foi de 111 minutos.
INFOGRÁFICO: indicadores mostram que o brasileiro tem recorrido menos ao celular para fazer ligações
A queda no uso de voz pelo celular tem afetado todas as operadoras e se mostra ainda mais acentuada em comparação com os anos anteriores – no final de 2013, por exemplo, a média mensal chegava a 140 minutos (veja infográfico). Para a Teleco, o uso mais intenso de aplicativos como o WhatsApp, Messenger, Viber e outros, que hoje também disponibilizam ligações por voz via internet, está tornando obsoleto parte dos serviço das operadoras. O que, por consequência, afeta o caixa das empresas –no primeiro trimestre do ano, a receita média mensal por usuário com o serviço de voz no país foi de R$ 11,60, contra R$ 13,60 no mesmo período de 2014.
O cenário retratado pela consultoria encontra respaldo em outros estudos sobre o setor e é reconhecido pelos próprios executivos das operadoras. Estudo divulgado pela Ericsson neste ano mostra que mais da metade do tráfego de dados móveis no país circula em apenas cinco aplicativos – entre eles, o WhatsApp, que responde sozinho por 13% deste tráfego. Em comparação com outros quatro grandes mercados, como Estados Unidos e México, o Brasil é o único em que o app de mensagem conquistou uma fatia tão expressiva.
“É um momento de transição. Na hora em que o usuário tecla (pelo app), deixa de fazer uma chamada de voz pelo telefone. E a tendência é que as ligações pelos aplicativos melhorem de qualidade à medida em que se migra para tecnologias com velocidade maior, como o 4G”, diz o presidente da Teleco, Eduardo Tude.
O uso do SMS também tem ficado pra trás. Levantamento da consultoria mostra que a receita da Vivo com as mensagens tradicionais teve quatro trimestres consecutivos de queda, passando de R$ 435 milhões no segundo trimestre de 2014 para R$ 414 milhões no início deste ano.
Compensação
A tendência de queda nas receitas com voz e SMS é compensada, por outro lado, com o aumento do uso de dados móveis no país. Todas as operadoras viram a receita com a internet móvel aumentar no último ano e ganhar espaço. Hoje, os dados móveis já respondem por 38% da receita com clientes da Oi, porcentual que é de 41% na Vivo e de 33% na TIM.
“A receita de internet móvel sustenta o crescimento do segmento de mobilidade em praticamente todo o setor de telecomunicações atualmente, em que se percebe uma importância cada vez maior do consumo de dados e SVAs (serviços de valor agregado), enquanto as receitas de voz local, longa distância e SMS se mantêm estáveis ou em queda”, reforça o diretor de Produtos Mobilidade da Oi, Roberto Guenzburger.