Postura contrasta com ação do Banco Central Europeu

A postura do Fed está em nítido contraste com muitos de seus pares em países desenvolvidos, que recentemente têm afrouxado a política monetária para impulsionar as economias em dificuldades.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou a compra de 1 trilhão de euros em títulos para estimular a economia da zona do euro.

Muitas autoridades do Fed têm apontado para um possível aumento da taxa em meados do ano, mas novamente o banco central deixou a porta aberta para um movimento mais tarde.

"O Comitê avalia que pode ser paciente para iniciar a normalização da postura da política monetária", disse o Fed.

O banco central reconheceu que a inflação se afastou ainda mais da meta de 2% e que medidas de preços baseadas no mercado caíram substancialmente - avaliação mais negativa sobre as pressões inflacionárias do que em dezembro.

O Fed também apresentou um cronograma sobre a sua visão para a inflação, dizendo esperar que a inflação suba gradualmente em direção à sua meta no "médio prazo".

O comunicado vem após uma mudança na política monetária em dezembro, quando o Fed informou que adotará uma postura "paciente" para elevar os juros. Na ocasião, a chair do Fed, Janet Yellen, esclareceu em entrevista coletiva que "paciente" significava pelo menos duas reuniões.

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O Federal Reserve, banco central norte-americano, disse nesta quarta-feira (28) que a economia dos Estados Unidos está se expandindo em um "ritmo sólido", com forte aumento de empregos, em um sinal de que o banco central continua no rumo para elevar a taxa de juros este ano.

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O Fed repetiu que será "paciente" para elevar de zero a taxa de juros, apesar de também reconhecer um recuo em determinadas medidas de inflação.

Após dois dias de reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto, as autoridades do Fed deram um tom positivo às perspectivas para a economia dos EUA e mantiveram a visão de que a fraqueza da inflação, liderada pela queda dos preços de energia, irá se dissipar.

"O comitê, de fato, foi francamente otimista sobre as condições econômicas atuais e as perspectivas", disse o diretor de economia financeira da IHS Global Insight, Paul Edelstein.

Ao fazer seu anúncio, o Fed, em grande parte desconsiderou as enfraquecidas economias da Europa e da Ásia, dizendo apenas que levaria "os desenvolvimentos financeiros e internacionais" em consideração para determinar quando elevar as taxas, adicionando uma referência sobre os mercados globais, pela primeira vez desde janeiro 2013.

"A atividade econômica vem se expandindo a um ritmo sólido", disse o Fed em um comunicado que marcou uma melhora de sua avaliação prévia de um "ritmo moderado" de crescimento. "As condições do mercado de trabalho melhoraram mais, com fortes ganhos de emprego e uma taxa de desemprego mais baixa".

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Efeito na bolsa

Os rendimentos de títulos de longo prazo dos EUA caíram conforme alguns investidores se voltaram para a referência do Fed sobre acontecimentos internacionais e inflação baixa, potencialmente ampliando a distância entre a linguagem do banco central e o que o mercado espera que o Fed faça. O dólar se fortaleceu ante uma ampla cesta de moedas.

"Apenas a inclusão do desenvolvimento internacional, que provavelmente é percebida como dovish (expansionista), e o mercado de títulos provavelmente está reagindo a isso", disse o economista-chefe da High Frequency Economics, Jim O'Sullivan.

Ele acrescentou que "no fim do dia, o cenário-base para aumento (dos juros) ainda é junho", e que a taxa de desemprego em queda continua a ser um indicador-chave para o Fed.