O Fed, Banco Central dos Estados Unidos, aumentou na tarde desta quarta-feira (16) a taxa de juros entre 0,25% a 0,50%. Esta é a primeira alteração desde a crise financeira mundial, em 2008, quando os juros do país ficaram próximos de zero.
Em anúncio, o banco citou a melhora dos índices de emprego e a expansão econômica moderada, mas consistente, como alguns dos motivos para a decisão. “O Comitê julga que tem havido uma melhora considerável nas condições do mercado de trabalho este ano e está razoavelmente confiante de que a inflação subirá no médio prazo para sua meta de 2% (ao ano)”, informou em comunicado.
O Fed deixou claro que a alta de juros foi uma tentativa de começar um ciclo de aperto “gradual” e que, ao decidir o próximo passo, colocará em destaque o monitoramento da inflação, que permanece muito abaixo da meta.
“Considerando a inflação atual abaixo da meta de 2%, o Comitê vai monitorar com cuidado o progresso real e esperado a caminho da meta de inflação. O Comitê espera que as condições econômicas evoluam de forma a assegurar apenas aumentos graduais de juros”, disse.
As novas projeções econômicas do banco ficaram, de forma geral, inalteradas em relação a setembro, com a taxa de desemprego devendo cair a 4,7% no próximo ano, quando a economia deve crescer 2,4%.
A taxa de juros mediana apontada para 2016 permanece em 1,357%, indicando quatro altas de 0,25% no próximo ano.
O Fed sinalizou para um crescimento gradual da taxa. Conforme a previsão dos integrantes do BC norte-americano, os juros devem chegar aos 3,3% até 2019.
O aumento da taxa foi aprovado de forma unânime pelos dez membros com direito a voto do Comitê Federal de Mercado Aberto.
De acordo com a a presidente do Fed, Janet Yellen, a decisão consagra os “consideráveis progressos” econômicos dos Estados Unidos. “Essa decisão marca o fim de um período excepcional de sete anos durante o qual os juros foram mantidos em quase zero a fim de sustentar a recuperação” após a crise de 2008, disse à imprensa.
“Ela consagra também os consideráveis progressos feitos para reorientar o emprego (...) e aliviar as dificuldades econômicas de milhões de americanos”.
Impacto
Para levar a taxa de juros do atual patamar de perto de zero para a faixa entre 0,25% e 0,50%, o Federal Reserve determinou a taxa de juros que paga aos bancos por excesso de reservas em 0,50% e vai oferecer até US$ 2 trilhões em compromissadas -- títulos vendidos com o compromisso de recompra dentro de um valor pré-estabelecido--, montante considerado agressivo que mostra sua decisão de subir os juros.
Os mercados financeiros esperavam a alta de juros nos EUA, diante de dados econômicos mostrando um crescimento do mercado de trabalho em um ritmo forte.
Pesquisa Reuters publicada em 9 de dezembro mostrava que a probabilidade de uma alta dos juros nesta quarta-feira era de 90%, com economistas projetando a taxa de juros entre 1% e 1,25% até o fim de 2016 e de 2,25% até o fim de 2017.
O impacto sobre custos de empréstimos para empresas e famílias é incerto. Um dos assuntos que os membros do Fed vão monitorar de perto nos próximos dias é como taxas sobre hipotecas de longo prazo, empréstimos a consumidores e outras formas de crédito vão reagir à alta de juros, com intenção de não desacelerar a recuperação econômica, mas levar a política monetária de volta ao passo mais normal.
O Fed enfatizou que vai avançar de forma cautelosa em seu ciclo de aperto monetário. Isso foi o suficiente para levar a uma votação unânime sobre a decisão, mesmo com membros que haviam defendido publicamente um atraso na alta de juros juntando-se à chair do Fed, Janet Yellen, e a outros membros do colegiado.