Conseqüência - Real vai se valorizar ainda mais, prevê Meirelles
Brasília O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a decisão do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) de reduzir os juros do país afeta principalmente o dólar em relação a todas as moedas do mundo. Mas observou que o corte de 0,25 ponto nos juros norte-americanos não visa influenciar a taxa de câmbio, e sim "alcançar um balanço de risco adequado entre atividade e inflação nos Estados Unidos".
Para Meirelles, a decisão "atende às circunstâncias específicas da economia norte-americana." Questionado se ela vai evitar uma desaceleração maior da economia daquele país, respondeu: "Parece ser esta a expectativa do Fed".
Sobre o impacto da decisão na economia brasileira, Meirelles disse ser necessário aguardar. "O importante é que o Brasil está sólido, a economia vai muito bem, está crescendo, e os dados divulgados hoje (a sondagem industrial) mostram a continuada força do crescimento industrial, do emprego e dos investimentos", disse. "O importante é que o Brasil está crescendo com inflação na meta."
São Paulo O Federal Reserve, banco central norte-americano, manteve a orientação do mês passado e reduziu ontem sua taxa de juros em mais 0,25 ponto porcentual, para 4,5% ao ano. A decisão não chegou a trazer euforia aos mercados, mas as principais bolsas de valores do mundo tiveram valorização. No Brasil, além de a Bovespa ter renovado seu recorde, o dólar caiu ao menor valor desde março de 2000: R$ 1,737.
A decisão do Federal Reserve foi tomada para evitar que a crise imobiliária em curso no país agravada a partir de agosto pela crise no mercado de hipotecas de risco ultrapasse o limite do setor financeiro e atinja a economia como um todo. Se os efeitos chegaram à economia real, no terceiro trimestre, ao menos, isso não ficou tão evidente: o Departamento do Comércio informou ontem em caráter preliminar que o Produto Interno Bruto (PIB) americano cresceu 3,9% entre julho e setembro, acima dos 3,8% registrados entre abril e junho.
Além disso, os gastos dos consumidores contribuíram com 2,11 pontos porcentuais paro resultado do PIB, contra uma contribuição de 1 ponto porcentual no segundo trimestre. O crescimento dos gastos com bens duráveis (com durabilidade prevista de ao menos três anos) foi de 4,4%, contra 1,7% no trimestre anterior; já os gastos com bens não-duráveis (como alimentos e vestuário) cresceram 2,7%.
Ânimo
Os dados vieram melhores que o esperado e contribuíram para o ânimo observado no mercado financeiro. O dólar quebrou barreiras. Com recuo de 0,97%, encerrou as operações vendido a R$ 1,737, sua menor cotação diante do real desde 31 de março de 2000. A atuação do BC no mercado de câmbio ontem, que foi mais agressiva as compras podem ter sido de US$ 500 milhões , não foi suficiente para deter a alta do real.
A continuidade do recuo dos juros nos EUA na reunião do Fed de setembro, a taxa caiu de 5,25% para 4,75% favorece a migração de recursos para mercados emergentes, como o brasileiro. Isso acontece porque as taxas pagas pelos títulos do Tesouro dos EUA diminuem e estimulam grandes investidores a migrar para ativos de maior risco, como ações e papéis da dívida de emergentes. Dessa forma, é forte a tendência de a moeda norte-americana seguir em queda.
O IPO (oferta pública inicial de ações) da Bovespa, na semana passada, atraiu forte volume de dólares ao mercado brasileiro, favorecendo o recuo da cotação para baixo de R$ 1,75. Como o IPO da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) ainda deve ser realizado neste ano, no mercado discute-se a chance de o dólar testar em breve o piso de R$ 1,70.
Bovespa
O Ibovespa (principal índice da bolsa paulista) cravou 65.317 pontos, novo recorde, marcando alta de 1,45%.
O que incomodou um pouco o mercado foi o fato de um dos membros do Fomc (comitê do Federal Reserve que define os juros) ter votado pela manutenção da taxa. Logo após a decisão ser anunciada, na tarde de ontem, os mercados perderam ritmo. A Bolsa de Nova Iorque chegou a recuar 0,10%, mas logo se recuperou: o índice Dow Jones, que reúne as ações americanas mais negociadas, fechou com alta de 1%, e a Nasdaq se apreciou em 1,51%.
"Não descarto que haja mais uma redução de 0,25 ponto nos juros americanos na reunião do Fomc de dezembro. Mas isso vai depender muito da evolução dos dados econômicos americanos até lá, afirma Pedro Paulo Silveira, economista da Gradual Corretora.
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