A feira de moda e negócios Paraná Business Collection rendeu às 22 confecções participantes cerca de 150 novos clientes lojistas, principalmente de fora de Curitiba, que devem fazer encomendas nas próximas semanas. A organização do evento, que terminou ontem, na capital, calcula que os negócios gerados nos próximos dias devem atingir R$ 2,5 milhões.
"Ficou dentro das expectativas por ser a primeira edição. As empresas prospectaram clientes e chamaram muita atenção", define o coordenador geral e diretor artístico, Paulo Martins. Adilson Filipaki, presidente do Sinditêxtil do Paraná, conta que a aprovação por parte das empresas foi alta. "Fizemos uma avaliação, e todas elas disseram que participariam de uma próxima edição."
Uma parte dos lojistas já fez os pedidos às confecções, mas a maioria segue a meteorologia: com o frio que não dá trégua, eles vão esperar para comprar peças da coleção primavera-verão a partir de agosto.
Além de abrir mercado para fabricantes, o Paraná Business serviu de termômetro para avaliar a qualidade dos produtos. "Percebemos que as coleções, tecidos e preços estão bons", diz a coordenadora do Senai de Curitiba, Annelise Vaine Castelli. "Ouvi muitos bons comentários sobre a produção", concorda Vitor Tioqueta, diretor do Sebrae.
Mas, segundo Annelise, o evento confirmou o que todo fabricante do estado sabe: lojistas curitibanos têm "dificuldade" em apoiar o produto daqui, o que ela considera mais cultural do que baseado em argumentos. Entre expositores de porte médio, ela sentiu falta de nomes como Sexxes, Pura Mania, Morena Rosa e Osmoze. "Creio que foi pelo curto espaço de tempo de organização."
Professora e coordenadora dos cursos de moda do Senai, Annelise dá dicas às marcas para que se fortaleçam. Aos iniciantes, é bom saber que entrar no mercado é fácil. O difícil é criar marca.
Outra dificuldade percebida entre fabricantes do estado é a definição do público alvo. "É duro desistir de um para focar outro, mas necessário." É importante saber que o posicionamento de preço acima e abaixo da média vende melhor.
As confecções já estabelecidas no estado se dividem em pólos: no Sudoeste (Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Pato Branco), Norte (Apucarana, forte na produção de bonés e Londrina), Noroeste (Maringá e Cianorte) e Sul (Curitiba e Imbituva).
As 5,5 mil empresas atendem a todo o tipo de demanda do mercado varejista: as facções de costura prestam serviços a outros fabricantes; as "private label" produzem e aplicam a etiqueta do varejo; as de marca própria lutam por seu espaço no mundo da moda e as grifes se valem da assinatura de um estilista.
Foi para atender a essas duas últimas que o Paraná Business foi criado. Os organizadores consideram que, se cada região continuasse fazendo apenas seu pequeno evento, o estado "perderia o bonde da história", como diz Martins.
Para garantir divulgação, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) trouxe a Curitiba 5 jornalistas internacionais, que se somaram a cerca de 30 profissionais nacionais que visitaram o evento por dia. Além do financiamento de cerca de R$ 700 mil da Federação das Indústrias e Sebrae, a Prefeitura Municipal de Curitiba cedeu espaço de mídia em mobiliário urbano.