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Logística

Ferroeste promete máquinas, mas Faep duvida de transporte eficiente da safra

A Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), que até a semana passada estava operando com apenas uma locomotiva, deixando dúvidas sobre o transporte da safra de grãos que começa nas próximas semanas, garante que terá dez locomotivas em uso dentro de dez dias. A movimentação de 70 vagões por dia carregando 3 mil toneladas de Cascavel a Guarapuava já foi feita nesta semana por dois conjuntos de três locomotivas providenciadas pela América Latina Logística (ALL), cujos serviços privados a estatal pretende dispensar assim que estejam prontas as máquinas de uma empresa catarinense retidas por decreto do governo estadual.

Para dar conta da safra, que deve envolver o transporte de 4 milhões de toneladas de soja e de milho entre as duas cidades, o volume diário precisa subir para 12 mil toneladas. O assessor da Federação da Agricultura do Estado (Faep), Nílson Camargo, acredita que a Ferroeste não conseguirá atender agricultores. "Não tem a menor condição. No ano passado o volume já ficou muito aquém do que poderia ser." Com isso, grande parte dos produtores deve fazer uso do transporte por caminhão, 25% mais caro do que o frete ferroviário.

O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, admite a necessidade de equipar a ferrovia com novas máquinas para o transporte da safra no segundo semestre. Para isso, prevê a aquisição direta de 300 vagões ainda no primeiro semestre e estimula produtores da região Oeste a comprar unidades também. "Dois já concordaram. Este é o modelo ideal. Eles poderão fazer uso de financiamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE)", diz.

Ontem havia cerca de 9 mil toneladas de grãos e cereais estocadas em 165 vagões no pátio da Ferroeste em Cascavel, além de 135 toneladas de frango, e 135 vagões aguardavam para serem retirados do pátio de Guarapuava. As 14 locomotivas que pertencem à empresa catarinense Ferrovia Tereza Cristina, controladora da Transferro, foram retidas pelo governo estadual por meio de decreto. Elas estavam sem manutenção desde dezembro em decorrência da falência da Ferropar, titular do contrato de prestação de serviço. A subconcessionária foi então assumida pela Ferroeste. Mas a recuperação só recomeçou nesta quinta-feira, depois da contratação de uma empresa especializada.

O presidente da concessionária estadual classifica de "sabotagem" a paralisação da manutenção da frota. A Transferro nega, dizendo que o acesso às suas máquinas foi impedido desde dezembro. "Não sabemos se houve falta de manutenção ou incapacidade administrativa, porque até agora o estado não conseguiu fazer a ferrovia funcionar", ataca o advogado Alexandre Nester. O também advogado das empresas Fernão Justen de Oliveira diz que o cliente tentou negociar o contrato de prestação de serviços mesmo depois do decreto estadual, que tentará reverter na Justiça. "Exigimos o pagamento de valor de mercado, que está sendo negado."

Segundo Samuel Gomes, a negociação por um novo contrato de prestação de serviços foi interrompida pelas empresas.

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