Potência agrícola - "New York Times destaca papel da Embrapa
Londres Reportagem publicada ontem pelo jornal The New York Times destaca o trabalho da Embrapa, a agência brasileira de pesquisas agrícolas, e diz que ela ajudou a transformar o Brasil no que o ex-secretário de Estado americano Colin Powell classificou como "superpotência agrícola", destinado a ultrapassar os Estados Unidos como líder na exportação mundial de alimentos. O diário diz que a Embrapa ajudou na disseminação do "principal cultivo da região" ao desenvolver 40 variedades tropicais de soja, por muito tempo considerada um cultivo de regiões temperadas. "Como resultado, o Brasil é hoje o maior exportador mundial de soja e de carne e um crescente exportador de algodão", diz o jornal.
Londrina A ferrugem asiática da soja tem os dias contados no Brasil. Pesquisadores da Embrapa Soja, de Londrina (norte do Paraná), identificaram uma cultivar resistente ao fungo, que no ano passado causou prejuízos de US$ 615 milhões à agricultura nacional. Detalhe: ela não foi desenvolvida para esse fim específico, mas apenas encontrada. A BR 01-18437 fazia parte do programa de melhoramento da Embrapa e vinha sendo avaliada como soja para qualidade de semente.
A variedade foi encontrada a partir da análise do banco de germoplasma brasileiro. Os testes que identificaram fontes de resistência à ferrugem tiveram início em 2001, quando o fungo apareceu pela primeira nas lavouras do país. Foi como encontrar agulha no palheiro, a considerar que a pesquisa também avaliou o patrimônio genético da soja dos Estados Unidos, num total de mais de 24 mil linhagens. A literatura não registra nenhuma variedade resistente à ferrugem asiática no mundo.
José Francisco Ferraz de Toledo, pesquisador da área de melhoramento genético da Embrapa, explica que a cultivar está em fase de registro no Ministério da Agricultura e deve estar disponível para o produtor na safra 2010/11. Para o multiplicador de sementes, a intenção é liberá-la no ano agrícola 2008/09. A nova soja é restrita à região central do Brasil. Para o Paraná, essa tecnologia deve chegar um ano mais tarde. De acordo com Toledo, já foi identificada uma variedade para a Região Sul, que está em fase final de testes.
A soja resistente à ferrugem não elimina as aplicações de fungicida, pelo menos por enquanto, esclarece o pesquisador. A intenção é reduzir o número de pulverizações em 50%. A média no estado no ano passado foi de duas intervenções, podendo chegar a quatro nas áreas mais afetadas. O custo de cada aplicação fica em pouco mais de US$ 30, ou uma saca e meia de soja.
A possibilidade de zerar as aplicações, explica Toledo, vai depender do manejo da soja e da ferrugem. A regra manda aplicar quando o foco for detectado. A esperança é chegar num estágio de controle que não exija nenhuma operação. Para isso, seu uso deverá ser associado às atuais estratégias de manejo da doença, como o vazio sanitário, rotação de culturas, monitoramento permanente da lavoura e o controle químico, quando necessário.
Ao contrário do que se possa imaginar, não há vantagem em ser resistente ao invés de tolerante ao fungo. A característica da resistência é conferida por um ou dois genes e pode ser facilmente vencida pela ferrugem. Por isso a importância do manejo, com a manutenção das aplicações. No caso da soja tolerante, são vários pequenos genes que condicionam essa tolerância ficando mais difícil para a doença vencer todas as resistências.
Para Valter Fassula, que planta 200 hectares de soja no Distrito de Warta, em Londrina, uma soja anti-ferrugem representaria menor custo de produção e maior produtividade. Na safra passada ele fez duas aplicações, mas no final do ciclo chegou a conclusão que deveria ter feito três. O produtor calcula que a ferrugem reduziu entre 10% e 20% a produtividade da sua lavoura. O rendimento foi de 3 mil quilos por hectare, mas poderia ter sido superior a 3,2 mil quilos.
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