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Crescimento

Festa do PIB acelerado dura pouco

Minério de ferro puxou a alta do PIB industrial: preço da commodity no mercado externo se multiplicou várias vezes desde 2003 | Divulgação
Minério de ferro puxou a alta do PIB industrial: preço da commodity no mercado externo se multiplicou várias vezes desde 2003 (Foto: Divulgação)
Veja que economia brasileira mostrou recuperação após fraco desempenho em 2009 |

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Veja que economia brasileira mostrou recuperação após fraco desempenho em 2009

As famílias e o governo gastaram mais, o investimento estrangeiro no país aumentou e o Brasil fechou 2010 com o maior crescimento da economia desde 1986. Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Inter­no Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) cresceu 7,5% no ano passado na comparação com 2009 e atingiu R$ 3,675 trilhões. O resultado é o terceiro melhor do mundo, atrás apenas de China e Índia. O indicador é motivo de comemoração, mas também esconde problemas, dizem economistas.

O primeiro deles é a base de comparação deprimida. Em 2009, a economia brasileira encolheu 0,6%, pior resultado desde 1992. "O crescimento de 2010 compensou o ano anterior. Se dividido em dois, cada ano cresceu cerca de 3,5%, uma taxa parecida com aquelas que o Brasil vinha registrando antes da crise", diz o economista Claudio Considera, da Universi­dade Federal Fluminense (UFF).

Outro fator que favoreceu o país no ano passado foi o cenário externo. As baixas taxas de juros nos países desenvolvidos, medida utilizada por essas economias para combater a crise financeira, acabaram beneficiando os emergentes, que foram alvo de maior investimento estrangeiro – o influxo de capital costuma impulsionar a economia interna, pelo menos num primeiro momento.

Para especialistas, porém, as mesmas razões para o crescimento de 2010 são motivo de preocupação para os próximos anos. "Países que fazem aquilo que o Brasil fez – permitir um rápido aquecimento econômico com influxo de capital e sobrevalorização do câmbio – tendem a sofrer mais quando a taxa de juros internacional volta à normalidade e há um restabelecimento do nível normal de fluxo de capitais", afirma o economista Ronald Hill­brecht, da Univer­sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

As projeções neste início de ano indicam um crescimento do PIB em 2011 de não mais do que 4%. Além da base de comparação alta, o país vive um cenário de inflação acima dos 6%, afastada da meta oficial (de 4,5%). Com isso, é consenso no mercado que a política de aperto monetário vai continuar. Nas duas reuniões do Copom realizadas desde o início do governo Dilma, o Banco Central decidiu aumentar a taxa Selic – em ambas a alta foi de 0,5 ponto porcentual.

Nos dados do IBGE, uma das surpresas foi o resultado do consumo das famílias no quarto trimestre de 2010, que se acelerou quando o esperado era uma retração. O governo Lula já havia adotado medidas para frear o consumo, com restrições ao crédito, maso índice cresceu 2,5% em relação ao terceiro trimestre. Segundo os analistas, frear a demanda pode não ser tão fácil quanto se imaginava, colocando ainda mais pressão para que o governo faça a sua parte e realize um corte dos gastos públicos maior do que o anunciado. "Em 2010 houve um descontrole de gastos, agora será preciso cortar", diz Hillbrecht.

Investimento

Indicador importante para analisar a capacidade de crescimento futuro, a taxa de investimento no Brasil em 2010 foi de 18,4% do PIB – desempenho acima do registrado em 2009 (16,9%), mas ainda abaixo de 2008 (19,1%). "A taxa de investimento mostra o quanto está se apostando no aumento da capacidade produtiva. Ainda é um nível baixo", diz Considera.

No PIB industrial, o principal responsável pela alta foi o setor da extração mineral – composto basicamente por óleo e gás e minério de ferro –, que avançou 15,7%. "O que nos favoreceu muito foi o fato de as commodities agrícolas e mineirais estarem com os preços muito elevados no mercado internancional. Elas vêm compensando a queda nas exportações de manufaturados", diz o economista Fernando Ferrari Filho, da UFRGS.

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