• Carregando...

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), instituição privada que recebe 0,15% dos depósitos nos bancos, arcará sozinho com uma perda de cerca de R$ 3,35 bilhões no socorro ao Banco PanAmericano. Segundo Gabriel Jorge Ferreira, presidente do conselho do Fundo, esse valor já foi provisionado, mas poderá ser recuperado em um prazo de 17 anos – período em que o banco BTG Pactual deve pagar os R$ 450 milhões acertados pela compra da participação do empresário Silvio Santos no banco. O dinheiro pago pelo Pactual a Silvio Santos vai diretamente para o fundo.

O problema é que, mesmo com juros anuais de 13%, R$ 450 milhões em 2011 não serão R$ 3,8 bilhões daqui a 17 anos; no mínimo, o fundo perderá com o "congelamento’’ desse valor aportado para socorrer o PanAmericano. Se não viabilizasse a operação, diz Jorge, o PanAmericano seria liquidado. O FGC, então, perderia tanto os R$ 2,5 bilhões utilizados no primeiro socorro, em novembro, quanto cerca de R$ 2,2 bilhões com o ressarcimento aos investidores que compraram CDBs do banco. "Estamos falando em R$ 4,7 bilhões. Fizemos isso pelo melhor interesse de todos. Foi um socorro privado; não teve dinheiro público envolvido, como no passado", argumentou.

Mesmo com a perda de ­­R$ 3,35 bilhões com socorro, o fundo tem ainda um patrimônio de R$ 26 bilhões. Gabriel Jorge descarta a possibilidade de o fundo receber aportes adicionais dos bancos ou de elevar as contribuições dos correntistas.

Críticas

O fato de Silvio Santos ter conseguido vender o banco deixando as dívidas para trás foi bastante criticado por especialistas de mercado. Segundo o analista João Augusto Sales, da consultoria Lopes Filho, com o FGC assumindo o rombo do PanAmericano, pode ser criado no sistema financeiro um problema de risco moral ("moral hazard"), em que outros bancos não teriam receio em fazer operações irregulares porque saberiam que seriam salvos pelo FGC. "Mas é preciso ponderar. O FGC foi criado justamente para evitar uma crise sistêmica, para cuidar de problemas do setor financeiro. Cada caso é um caso", argumenta. Sales afirma que a grande questão é o empresário Silvio Santos, acionista controlador do banco, não saber do rombo e ainda sair da operação sem nenhuma condenação e livre de dívidas.

Para Marcos Duarte, sócio da gestora Polo Capital, que possui uma participação de pouco mais de 11% no banco, a solução encontrada foi muito boa para as partes envolvidas, incluindo os acionistas minoritários, mas "esquisitíssima" do ponto de vista do sistema financeiro, responsável pelo FGC, que assumirá o passivo da instituição. Apesar de o negócio ser positivo para a Polo, Duarte critica o modo como a venda foi conduzida. "É estranho ver o controlador do banco responsável pelo rombo contábil ainda sair com dinheiro no bolso", critica.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]