Os trabalhadores com contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) terão no ano que vem uma chance de aumentar seus rendimentos com a aplicação de até 30% do saldo em um fundo de infraestrutura gerido pela Caixa Econômica Federal. O investimento apresenta uma rentabilidade próxima de 10% ao ano e, como está ligado a projetos do próprio governo, tem risco baixo. "Não há dúvida de que é uma opção melhor do que deixar o dinheiro parado. O retorno do FGTS é muito baixo, de 3% ao ano mais a TR", comenta o economista Jackson Sandrini, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).A Caixa deve abrir uma oferta pública até março para captar R$ 2 bilhões dos depósitos do FGTS. O dinheiro entrará no Fundo de Investimento em Cotas do FGTS (FIC-FGTS), que administra a aplicação e ainda precisa do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os recursos serão então emprestados para a construção de obras de grande porte nos setores de saneamento, portos, aeroportos, entre outros. O rendimento vem da taxa de juros aplicada nos financiamentos, da qual são retirados encargos e provisões por causa da inadimplência.
"É uma forma do trabalhador fugir da TR, um indicador muito baixo, que não repõe a inflação", diz Sandrini. Neste ano, o rendimento das contas do FGTS está abaixo de 4%, ou seja, não vai repor nem a inflação do ano, que ficará na casa dos 4,5%, segundo o IPCA.
Na última vez em que houve uma alternativa de aplicação do FGTS, os cotistas puderam comprar ações da Vale a opção deu um retorno de aproximadamente 1.000% desde 2002. A captação será feita através de uma oferta pública gerida pela Caixa. Se a adesão for maior do que os R$ 2 bilhões, haverá um rateio das cotas, que precisam ser mantidas por pelo menos 12 meses. O resgate do dinheiro obedece às mesmas regras do FGTS: pode ser feito em caso de demissão sem justa causa, compra da casa própria, entre outras ocorrências. Caso o modelo funcione, o Conselho Curador do Fundo poderá lançar outras ofertas, totalizando R$ 5 bilhões.