Assim como havia ocorrido com o IGP-DI de agosto, anunciado semana passada, o IGP-M deverá interromper uma sequência de deflações na taxa de setembro, mas a volta da inflação nas variações mensais é puxada pelo atacado, sem caráter generalizado, destacou nesta terça-feira, 9, o superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
A quebra no período de deflação foi apontada pela alta de 0,26% na primeira prévia do IGP-M de setembro, divulgada nesta terça-feira pela FGV. Os preços no atacado dos produtos dos complexos de carnes, de soja e do milho foram os principais vilões, na passagem da primeira prévia de agosto para índice análogo de setembro.
Dentro do IPA-M, que subiu 0,31% no primeiro decêndio deste mês (contra queda de 0,56% em igual período do mês passado), a soja como matéria-prima agrícola passou de -2,32%, em agosto, para -0 08%, em setembro. Já os preços do milho como matéria-prima agrícola passaram de -4,8% em agosto para -0,33% em setembro. Devido a seu peso no índice final, a redução do ritmo de deflação desses itens contribuiu para o fim da sequência de índices negativos.
"Com esses dois grãos saindo da deflação, mas não necessariamente avançando, há uma estabilidade no índice. Mesmo com algumas altas, não há uma característica generalizada", afirmou Quadros ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
As deflações nos preços dos complexos da soja e do milho foram provocadas por recuos nas cotações internacionais dos dois produtos, na esteira de especulações sobre uma supersafra dos grãos nos Estados Unidos. Segundo Quadros, a soja norte-americana está em período de colheita e tudo indica que a safra será boa. O resultado disso serão estoques em alta, que garantirão estabilidade nos preços internacionais nos próximos meses.
A estabilidade nos preços da soja e do milho tende a compensar as altas verificadas agora no complexo das carnes. No atacado, os preços de carne bovina avançaram 5,09% na primeira prévia do IGP-M de setembro. Outros destaques de alta foram mandioca (10 27%) e suínos (9,52%).
Segundo Quadros, estão por trás das altas nas carnes especulações em torno de um potencial aumento nas exportações de carne, puxado pelas vendas à Rússia, que poderá passar a comprar mais do Brasil por causa de sanções comerciais decorrentes dos conflitos na Ucrânia.
Como esse movimento é incerto, não preocupa. "Estamos falando de um produto, uma cadeia. Além disso, houve essa alta rápida, mas ela não se repete", disse Quadros, destacando que a elevação dos preços da carne ainda será sentida pelos consumidores finais de forma mais intensa.
De qualquer forma, o movimento tende a ser compensado por outros itens de alimentação, como os produtos in natura. Ainda registraram deflação na primeira prévia do IPC-M (preços ao consumidor) produtos como tomate (-20,01%) e batata-inglesa (-8 98%).
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast