A confiança do consumidor em abril atingiu o melhor nível em dois anos, segundo o superintendente de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo. Nesta terça-feira (27), a FGV anunciou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que passou de 111,4 pontos para 115,3 pontos (em uma escala de 0 a 200 pontos), de março para abril, a maior pontuação desde março de 2008, quando atingiu 119,9 pontos. Em termos porcentuais, o ICC subiu 3,5%, o mais alto porcentual desde junho de 2009, quando avançou 5%.
Campelo comentou que não houve nenhuma notícia nova de março para abril que justificasse a arrancada na confiança do brasileiro. Na prática, o que ocorreu foi uma compreensão, por parte do consumidor, de que a economia está mostrando bons resultados que podem se configurar em uma tendência sustentável. "A persistência dos bons resultados na economia foi o que norteou o índice", afirmou. "Existe uma onda de otimismo entre os consumidores de que a melhora na economia vai continuar nos próximos meses", completou.
Os consumidores mais ricos impulsionaram o resultado de abril. Embora todas as faixas de renda pesquisadas tenham apresentado saldo positivo na confiança este mês, as famílias com renda acima de R$ 9.601 mostraram um otimismo acima da média. Entre os consumidores nesta faixa de renda, o ICC subiu 5,4% este mês ante março.
O mercado de trabalho favorável também foi destaque na pesquisa. De acordo com Campelo, desde o início do ano ocorre uma melhora contínua na avaliação do consumidor quanto aos rumos futuros do emprego, nos próximos meses. Isso torna mais positiva a percepção do consumidor em relação à sua situação financeira, tanto em sua avaliação presente quanto nas estimativas para o futuro.
Além disso, o brasileiro diminuiu seu temor com o avanço da inflação este ano. A estimativa do consumidor para a taxa de inflação nos próximos 12 meses caiu de 6,8% para 6,2% de março para abril. "O quadro tornou-se mais virtuoso de uma maneira geral", disse. "A situação voltou ao grau de otimismo. Voltamos a ter uma perspectiva favorável para os próximos meses", afirmou.
O cenário favorável beneficiou as expectativas de compras de bens duráveis (como automóveis e geladeiras) para os próximos seis meses, que em abril mostraram o melhor desempenho em 22 meses. A fatia de consumidores entrevistados que apostam em aumentar seu volume de compras nos próximos meses deste tipo de produto saltou de 11,8% para 13,1% de março para abril. Já a parcela de consumidores pesquisados que estimam diminuir o ritmo de compra de duráveis no futuro caiu de 29% para 27,3%, no mesmo período. "Mas este resultado foi puxado pelos consumidores de renda mais elevada; os consumidores mais pobres anteciparam compras no ano passado, e ainda continuam cautelosos com os rumos futuros de suas finanças", acrescentou.
Mesmo com os bons resultados, o especialista fez uma ressalva. Há um entendimento, por parte do consumidor, de que os juros vão subir. A fatia de pesquisados que estima uma alta nos juros nos próximos meses avançou de 42,3% para 46,8%, de março para abril. "Mas isso, pelo menos até o momento, não impediu o consumidor de manter um grau de otimismo, nem mexeu muito com as perspectivas de compras de duráveis", acrescentou Campelo.
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