O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) nos 12 meses encerrados em outubro registra deflação de 1,76%, a menor taxa da história do índice, criado em 1944, neste tipo de comparação. A informação foi dada nesta segunda pelo coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Na avaliação do especialista, isso corrobora a hipótese de que o índice fechará 2009 com o menor resultado anual de sua história. Até o momento, a menor taxa da série histórica é a referente ao ano de 2005, quando o índice subiu 1,22%. "O IGP-DI deve fechar o ano pela primeira vez com taxa negativa e com a menor taxa da história", afirmou.
A queda no desempenho acumulado do índice foi beneficiada pelo retorno à deflação da taxa mensal, que caiu 0,04% em outubro. Para novembro, Quadros não acredita em nova deflação para o IGP-DI. Segundo ele, o cenário macroeconômico hoje é de recuperação na demanda do mercado interno, no desempenho industrial brasileiro e na atividade econômica do País, de uma maneira geral. De acordo com o especialista, ondas de quedas de preços não combinam com o ambiente atual no mercado doméstico. "Creio que a queda de preços do IGP-DI de outubro não deve continuar nos próximos resultados. É passageira. No atual cenário de preços, não tem fundamento voltarmos a uma tendência de queda, de deflação", afirmou.
Sobre o resultado de outubro, o especialista fez uma ressalva. O câmbio tem mostrado uma influência cada vez maior nos resultados dos preços mensurados pelo IGP-DI. Isso porque, com os bons resultados na retomada da economia brasileira, a entrada de dólares no mercado tem se mostrado cada vez mais significativa, o que levou a uma apreciação do real ante a moeda norte-americana. Isso deixou o dólar baixo e reduziu o ritmo de aceleração de preços de produtos industriais no atacado, que são fortemente influenciados pela cotação da moeda norte-americana.
"Não esperava a deflação no IGP-DI de outubro. Boa parte dela tem a ver com preços de produtos industriais", afirmou o técnico. Esse cenário também levou a taxa nos 12 meses encerrados em outubro dos preços do atacado a mostrar deflação, de 4,77%. "Essa também foi a menor taxa, neste tipo de comparação, para os preços do atacado na série histórica do IPA-DI", acrescentou.