A inflação percebida pelas famílias de baixa renda apresentou em setembro o menor patamar do ano. A informação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. De acordo com ele, a taxa de 0,02% apurada no mês passado pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), usado para mensurar o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos, além de ter sido inferior à de agosto deste ano (0,20%) é a menor desde setembro do ano passado, quando o índice caiu 0,57%.

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Segundo ele, o avanço menos intenso da inflação no índice foi influenciado pelo comportamento dos preços dos alimentos in natura. Estes produtos subiram muito de preço em meados de 2009, e agora começam a subir menos no varejo - sendo que alguns já apresentam deflação. De agosto para setembro, houve começo de queda de preços em hortaliças e legumes (de 1,87% para -1,04%); e desaceleração de preços em frutas (de 9,08% para 4,97%).

Porém, o economista comentou que, ao se calcular o núcleo da inflação do varejo medida pelo IPC-C1, com a exclusão dos alimentos in natura, que são os produtos com preços extremamente voláteis, a tendência da inflação do varejo foi de aceleração de preços de agosto para setembro. "Mas a influência dos in natura foi muito forte", observou o economista.

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Outro ponto a ser destacado foi o comportamento de três itens que representam quase 7% do total do IPC-C1 e em torno de 15% das despesas totais das famílias mais pobres com alimentação: arroz, feijão e carne. De agosto para setembro, a queda média de preços de arroz e feijão se intensificou no varejo (de -2,68% para -3,16%). O mesmo aconteceu com a queda de preços média em todos os cortes de carne bovina (de -0,28% para -1,38%). Isso ajudou a manter reduzida a taxa de elevação de preços do índice.

Para a próxima apuração do IPC-C1, o economista não acredita que o indicador possa ser menor do que o de setembro. Ele admitiu que os preços dos alimentos in natura podem continuar a desacelerar, mas comentou que o mesmo não deve acontecer com arroz, feijão e carne bovina. No caso do arroz, o mercado deverá contar com uma oferta maior do produto, devido à possibilidade de entrada de maior volume do produto importado nos próximos meses. Já no que se refere ao feijão, Braz explica que as safras do produto já foram praticamente todas negociadas, e a oferta do item deve diminuir.

No caso da carne, o economista lembrou que, no último trimestre do ano, o consumo deste produto costuma aumentar, o que pode conduzir a uma relação de oferta menor do que demanda. Ou seja: embora os preços de arroz, feijão e carne estejam em queda atualmente, isso não deve se sustentar por muito tempo.