A inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) fechou 2006 com alta de 3,83 por cento, a terceira menor da história. Para o ano que vem, a expectativa da Fundação Getúlio Vargas, responsável pelo indicador, é que o IGP-M avance ao redor de 4 por cento.
"O ano que vem não será de mudança brusca de patamar inflacionário", previu o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, nesta quinta-feira.
O economista antevê convergência mais pronunciada em 2007 entre o IGP-M usado no reajuste de contratos de energia elétrica e de aluguéis- e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve para balizar a meta de inflação do governo.
No ano passado e neste, os indicadores andaram em sentidos contrários devido à valorização cambial, já que ela tem impacto direto sobre o IGP-M e influência defasada no IPCA.
"Eles (IGP-M e IPCA) estão se encontrando numa faixa de 4 por cento (em 2007)", disse ele.
Quadros contestou a visão de analistas de avanço de 4,3 por cento do IGP-M no próximo ano, expressada no último relatório Focus do Banco Central.
"Me surpreende um pouco essa visão do mercado de aumento do IGP-M perto de 4,5 por cento em 2007, na medida em que o mercado tem uma visão comportada dos preços ao consumidor."
Segundo ele, seu IGP-M projetado para 2007 resultará de uma alta pouco menor do que 5 por cento do Índice de Preços por Atacado (IPA), avanço de 3 por cento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e aumento de 3 a 3,5 por cento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) - cesta de itens que compõe o IGP-M.
A alta do IGP-M em 2006 só não foi inferior às registradas em 2005 (1,21 por cento) e 1998 (1,78 por cento), de acordo com a FGV. A série histórica tem início em 1989.
Números do mês
Em dezembro, o IGP-M teve alta de 0,32 por cento, uma desaceleração frente ao avanço de 0,75 por cento em novembro.
Economistas consultados pela Reuters esperavam inflação de 0,37 por cento no mês e de 3,85 por cento no ano.
"A taxa do mês é bem representativa da faixa do ano, que eu acho que é o nível do índice considerando um câmbio estável", disse Quadros, da FGV.
O IPA subiu 0,29 por cento em dezembro, depois da alta de 1,02 por cento em novembro. Os preços dos bens finais caíram 0,16 por cento, enquanto os de bens intermediários e de matérias-primas brutas subiram 0,12 por cento e 1,17 por cento, respectivamente, em São Paulo.
O IPC avançou 0,39 por cento no mês, após a alta de 0,27 por cento em novembro.
O destaque ficou com o grupo Transportes, diante do reajuste de ônibus urbano e metrô. Os preços desse grupo tiveram alta de 2,3 por cento, ante queda de 0,28 por cento no mês passado.
Já os custos de Alimentação recuaram 0,11 por cento, após o avanço de 0,94 por cento no mês anterior.
O INCC registrou alta de 0,30 por cento em dezembro, ante avanço de 0,23 por cento em novembro.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast