A Fiat obteve liminar na Justiça, nesta quarta-feira (18), que assegura o retorno, em 24 horas, do fornecimento de peças por parte das empresas Mardel e Tower, do grupo Keiper/Prevent.
O fornecimento para a fábrica de Betim, em Minas Gerais, foi interrompido na última quinta-feira, o que obrigou a montadora a suspender a sua produção na segunda-feira. Com a liminar, a produção deve voltar nesta quinta-feira (19).
Segundo a Fiat, as empresas do grupo Keiper/Prevent, quando souberam da ação judicial, fizeram contato com a montadora para a retomada do fornecimento de componentes e estruturas metálicas soldadas. “A Fiat irá acompanhar a partir de agora se o fornecimento será realmente retomado dentro da normalidade, como determinou a Justiça”, diz nota da montadora.
De acordo com o texto, o ritmo de fabricação será retomado gradualmente, já que será preciso reorganizar a logística de produção, prejudicada pela interrupção.
Com a paralisação, os 18 mil trabalhadores da Fiat ficaram em casa entre segunda-feira e esta quarta-feira. A montadora esclareceu, no entanto, que eles serão remunerados normalmente, como se tivessem trabalhado. Segundo a empresa, a paralisação também afetou diretamente a produção de dezenas de outros fornecedores, deixando mais de 50 mil trabalhadores sem atividade na região. A fábrica em Betim é a maior da Fiat no mundo.
Volkswagen
Ao entrar na Justiça, a Fiat segue o exemplo da Volkswagen, que teve problema semelhante com o grupo Keiper/Prevent. Na segunda-feira, as três fábricas da montadora no Brasil tiveram a produção paralisada em razão da falta de bancos e cerca de 10 mil funcionários ficaram sem trabalhar.
Para retomar a produção, a Volkswagen obteve liminar, ainda na segunda-feira, que obrigava as empresas do grupo a voltarem a fornecer o produto em 24 horas.
No entanto, a Volkswagen informou nesta quarta que os problemas de fornecimento persistem. A montadora calcula que, desde março, foram perdidos 56 dias de produção. Com isso, cerca de 35 mil veículos deixaram de ser produzidos nesse período.
O grupo Keiper/Prevent alega que nunca houve descumprimento contratual. “Tanto é que, em 2015, o Poder Judiciário de São Paulo cassou todas as liminares e multas impostas à Keiper, justamente por entender que a Volkswagen deixou de cumprir todos os acordos com ela firmados, de tal sorte que a Keiper foi liberada de cumprir com as imposições determinadas judicialmente e que a penalizavam com multas desproporcionais”, argumenta.
O grupo diz ainda que todas as paradas de fornecimentos de peças ocorridas foram sempre avisadas com antecedência, segundo nota enviada à imprensa. Além disso, afirma que a Volkswagen costuma descumprir acordos de recomposição, o que prejudica a eficiência e o custo de produção dos fornecedores. “Essa prática é extremamente danosa às empresas como um todo, além de ser maneira comum e corriqueira da Volkswagen”, afirma.
A paralisação no fornecimento de peças, afirmou o grupo, ocorreu porque não houve uma solução “amigável”. “Foi necessária para justamente preservar o grupo Keiper, não somente do ponto de vista de uma estrutura corporativa, mas também, e principalmente, de preservar os recursos humanos, já combalidos por muitas demissões oriundas dos baixos volumes de produção, assim como preservar sua integridade financeira para honrar seus compromissos junto aos fornecedores”, diz.
Segundo a Keiper/Prevent, as liminares obtidas pela Volkswagen estão sob análise do Poder Judiciário. O grupo afirma também que as alegações da montadora se mostrarão “inverídicas” e poderão ser objeto de ações de reparação tanto de ordem moral quanto material.
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