O Paraná não tem uma visão estratégica para desenvolver sua economia e, ao menos por enquanto, falta vontade política para implementá-la. Partindo desse pressuposto, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) preparou uma proposta de política industrial para o estado no período entre 2007 e 2010. O plano, endereçado ao governo estadual, será apresentado hoje, na Assembléia Legislativa, pelo presidente da federação, Rodrigo Rocha Loures, que quer o apoio dos deputados para convencer o Palácio Iguaçu a abraçar as sugestões da Fiep.
A proposta é fruto das demandas levantadas em projetos como o Fórum Futuro 10, de 2005, promovido por iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), e em dois congressos industriais realizados em 2004 e 2006.
O plano envolve questões abrangentes, como melhorias na educação e investimento em infra-estrutura de logística (estradas e portos), mas sugere ações específicas para seis grandes regiões paranaenses, a partir de setores "portadores de futuro" identificados em cada uma delas. O levantamento detectou três setores comuns às seis regiões: biotecnologia aplicada aos setores agrícola, avícola e florestal; indústria alimentar e energia. É neles, segundo Rocha Loures, que o governo precisa concentrar esforços, principalmente na capacitação de profissionais.
Um dos eixos centrais da proposta é o estímulo à inovação e à capacitação, a fim de aumentar a competitividade da indústria paranaense. "Há questões de âmbito federal que não dependem tanto de nossa atuação, mas muita coisa pode ser feita no âmbito estadual para dar condições de competitividade à indústria", diz o presidente da Fiep. Ele avalia que, embora haja órgãos estaduais encarregados de estimular os avanços tecnológicos como o Tecpar, o Lactec e os centros de pesquisa das universidades estaduais , eles atuam de forma isolada, sem articulação. O ideal seria fazer com que cada uma das seis grandes regiões paranaenses formasse uma espécie de "pólo de conhecimento" específico para os setores mais promissores, reunindo centros de pesquisa, empresas e profissionais envolvidos com o desenvolvimento de novas tecnologias.
"Exauridas as fronteiras agrícolas e com as pressões de custos industriais intensificadas pela pesada carga tributária e pelos preços públicos administrados , o rumo deve voltar-se agora ao estímulo ao empreendedorismo, à inovação, à incorporação de novas tecnologias aos processos produtivos, à geração de produtos de alto valor agregado, à contínua capacitação das pessoas e à modernização da gestão das empresas", diz o documento da Fiep que será apresentado aos deputados.
Para Rocha Loures, o governo precisa atacar quatro frentes para estimular o desenvolvimento. A primeira delas é o estímulo às empresas ligadas ao conceito de "conectividade" que produzem tecnologias de transferência de dados e softwares, por exemplo. Outra frente é o investimento em energia, especialmente de fontes renováveis.
As outras duas frentes são o investimento em saúde que envolve questões como saneamento e agricultura saudável e o estímulo ao microcrédito.