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Logística

Fila termina após expor queda-de-braço no porto

A fila de caminhões que se formou no Porto de Paranaguá a partir de segunda-feira terminou na madrugada de ontem, mas a queda-de-braço entre a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e a cadeia ligada à exportação de grãos apenas começou. Os representantes dos exportadores e os terminais privados temem pelo escoamento desta safra, que deve bater recordes de produção no Paraná e no Brasil. A Appa rebate as críticas dizendo que está pronta para dar conta da movimentação maior e anuncia que em breve vai abrir concorrência pública para a duplicação do silo público, em uma obra de R$ 35 milhões com previsão de conclusão em um ano.

No início da noite de quarta-feira, cerca de 250 caminhões formavam uma fila de 9 quilômetros na BR-277, segundo a concessionária de pedágio Ecovia. Outros cerca de 900 estavam no pátio de triagem, conforme a própria Appa. As atividades do porto ficaram paralisadas durante quase todo o feriado, por causa das chuvas no litoral. A maior parte dos caminhões da fila estava carregada com soja transgênica, que não pode ser armazenada no silo público por determinação da Appa. O silão, com capacidade de armazenagem de 100 mil toneladas, representa cerca de 10% da capacidade estática total do porto, que é de 1,3 milhão de tonelada. Anteontem de manhã, quando a chuva parou, o porto iniciou o embarque de soja em dois navios, com capacidade para 96 mil toneladas.

"Estamos preocupados com o escoamento da safra e temerosos de que o que ocorreu nesta semana seja uma prévia do que está por vir", afirmou Carlos Augusto Albuquerque, assessor da presidência da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Segundo ele, além da expectativa da grande safra de soja e milho, os produtos serão negociados muito rápido devido ao patamar elevado dos preços internacionais, e por isso a movimentação no Porto de Paranaguá também deve ser recorde. De acordo com levantamento do projeto Rumos da Safra/Gazeta do Povo, a safra de soja no Paraná 2006/2007 deve chegar a 11,09 milhões de toneladas, e a primeira safra do milho, a 6,93 milhões de toneladas. Cerca de 40% a 50% da soja colhida deve ser transgênica.

Para o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABPT), Wilem Manteli, a Appa deveria abrir o silão para a soja transgênica. "A administração não pode restringir o uso público do silão. A legislação garante a produção e exportação da soja transgênica. É preciso respeitar isso", afirmou. Para ele, apesar de o silão representar apenas 10% da capacidade total do porto, ele influencia todo o escoamento. A Faep também defende a liberação do silo público para a semente geneticamente modificada. "O silo é formado por células e por isso é bem possível separar uma ou outra para o grão transgênico. Não há risco nenhum de contaminação", diz Albuquerque.

A Appa informa que não vai liberar o silão para os transgênicos e diz que a intenção inicial é destinar o novo silo também para o grão convencional, já a partir da safra 2007/2008. De acordo com a Appa, a movimentação de grãos no porto neste ano foi recorde e ocorreu sem problemas, o que comprovaria que o local está pronto para receber a safra. Os dados da Appa mostram que, desde o início de janeiro a 21 de fevereiro, foram embarcadas 166 mil toneladas de soja (6,48% a mais do que no mesmo período do ano anterior); 474 mil toneladas de farelo de soja (acréscimo de 24%) e 346 mil toneladas de milho, quase três vezes o embarcado no mesmo período de 2006.

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