As turbulências externas caminham para uma "solução mais branda" [soft-landing, no jargão financeiro], mas ainda não passaram totalmente, segundo avaliou, nesta terça-feira (21), o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Os mercados ainda não se acomodaram de forma definitiva", disse ao G1.
O ministro disse que o mercado ainda precisa absorver o "mico" gerado pela crise no mercado imobiliário dos EUA. Muitos bancos e fundos investiram em títulos imobiliários que podem "micar" se os consumidores norte-americanos não conseguirem pagar suas hipotecas.
O problema é que ainda não se sabe quantos desses papéis estão no mercado financeiro. Também não se sabe quais os bancos que investiram nisso. É essa incerteza que vem trazendo turbulências ao mercado.
Mantega disse que, assim que todas as instituições financeiras tiverem assumido e contabilizado seus prejuízos, o mercado deve se acalmar.
"[Os mercados] têm que administrar uma série de papéis que tinham ficado insolventes. Você tem que digerir o mico. Nós temos o mico, que são esses papéis, e enquanto não digerir esse mico, com algumas instituições assumindo perdas e desvalorizações de ativos, e passarmos para um novo equilíbrio (...) As taxas de juros internacionais ainda estão elevadas", disse Mantega.
O ministro da Fazenda analisou que ainda há um "caminho a percorrer" em direção à normalidade. "Diria que estamos caminhando positivamente", afirmou ele. Em sua visão, as turbulências externas não vão afetar o crescimento da economia brasileira e nem mesmo a inflação. "Vai afetar muito pouco o Brasil e não vai interromper o ciclo de crescimento que já está implantado. Não vai trazer inflação para o país", acrescentou.
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