Ippul diz que estudará o caso
Segundo o advogado Juvaldir Bilhão, os comerciantes já se reuniram com o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Londrina (Ippul), Robinson Borba, em março deste ano, pedindo providências. "Mas, até agora, nada." Segundo ele, uma das sugestões apresentadas a Borba seria a implantação da faixa exclusiva de ônibus na Rua Uruguai, onde o comércio é menos expressivo.
Borba disse que o caso da Duque tem que ser estudado com calma por se tratar de uma importante via de ligação na cidade. Segundo ele, a faixa exclusiva não beneficia só as empresas de ônibus, mas todos os usuários do serviço e também da avenida. "A solução definitiva é o projeto de duplicação que já temos pronto." Mas segundo ele, qualquer mudança exige estudo e isso demora porque o Ippul está com defasagem de recursos humanos.
Quem passa a pé pela Avenida Duque de Caxias, no centro de Londrina, pode até estranhar a quantidade de comércios fechados e imóveis para alugar na região. O fenômeno, no entanto, tem uma explicação: a falta de estacionamento de veículos na rua, causada pela implantação da faixa exclusiva de ônibus, há quase três anos. Antes disputada no comércio de Londrina, a via tem hoje 37 imóveis comerciais vazios no trecho entre a Rua Benjamin Constant e a Avenida JK, segundo levantamento feito pelos próprios comerciantes.
Proprietário de um imóvel comercial na Duque, Juvaldir Bilhão diz que a implantação da faixa exclusiva foi mal planejada. "Aliás, nem sabemos se houve estudo ou não sobre isso. O que sabemos é que a extinção de vagas de estacionamento prejudicou muito o comércio local. Estou com um imóvel parado, que não consigo alugar." Imobiliaristas consultados pelo JL confirmaram que está difícil alugar imóveis na região.
A faixa exclusiva, segundo Bilhão, trouxe também outro efeito colateral: a alta velocidade dos veículos. "Aqui virou uma pista de corrida. Já houve acidentes graves lá. E não há nem fiscalização." A opinião do advogado é secundada por lojistas.
Segundo Antônio Pereira da Cruz, 85 anos, que há 45 anos mantém a Instaladora Portuguesa no mesmo local, muitos vizinhos optaram por buscar novos locais porque não conseguiram manter-se ali, sem estacionamento. "Eu mesmo acho que vou ter que fechar as portas. O povo não anda mais a pé, é tudo de carro. Se não tem onde estacionar, procuram outro local. E não adianta: ninguém quer pagar estacionamento particular para ficar meia hora." Segundo ele, outro problema é que o local abriga um comércio específico, a maioria de peças e assistência técnica e móveis usados.
"Grande parte são coisas pesadas. Para carregar e descarregar é uma complicação." O lojista Amilton Fogagnoli, 60 anos de idade e 33 no mesmo ponto comercial, a Comércio de Couros Londrina, também reclama. "Por causa de uma empresa de ônibus, que quer andar mais rápido, o Município está prejudicando todas as outras." Ele lembra que a Duque já foi uma das principais ruas de comércio da cidade. "Hoje está morrendo. Porque foi tudo mal planejado e a Prefeitura não faz o que tem que fazer. Será que vamos ter que bloquear a rua, queimar pneus e fazer passeata para sermos ouvidos?"O Empório dos Animais foi uma das lojas que mudaram de endereço recentemente, saindo da Duque e se instalando a cerca de 30 metros, na Avenida Celso Garcia Cid. Segundo o funcionário da empresa, José Guilherme Júlio Souza, o proprietário tomou a decisão porque ficava mais barato pagar um aluguel maior, em um espaço com estacionamento, do que manter um convênio com um estacionamento privado. "Desde que implantaram a faixa exclusiva complicou tudo para os pequenos comerciantes. Lá perto do Hospital Ortopédico está quase tudo fechado."
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