A retomada das exportações de carne para a Rússia, anunciada ontem em Brasília, vai mudar o quadro da produção de suínos e bovinos no Paraná. As negociações devem ser retomadas a partir de 1.º de dezembro e os primeiros embarques estão previstos para janeiro de 2008, depois de dois anos de embargo por causa da ocorrência de febre aftosa. O setor tentará ativar sua capacidade, hoje ociosa, de 150 mil abates de suínos e 65 mil de bovinos ao mês.

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Os sete frigoríficos de suínos do estado em condições de exportar, que estão abatendo 320 mil animais por mês, poderão atingir a marca dos 470 mil. Os três frigoríficos de bovinos que exportavam até 2005 poderão ampliar o abate de 14 mil cabeças para 80 mil mensais. Essa retomada passa a depender de uma ampliação dos rebanhos e das negociações de preços com a Rússia, afirma o porta-voz do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná, o Sindicarne.

A Rússia era o maior importador de carnes do Paraná até 2005, com participação de 35%, e tornou-se o primeiro mercado de expressão a suspender o embargo. A União Européia, que comprava cerca de 45% da carne exportada pelo estado, ainda não retomou as negociações. Dos 56 países que suspenderam as importações do estado, 51 mantêm suas portas fechadas, supostamente à espera da recuperação do status de área livre da aftosa pela região diante da Organização Internacional de Epizootias (OIE).

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Nos últimos dois anos, o setor de suínos direcionou a produção ao mercado interno. Mas frigoríficos como o Palmali, de Palmas (Sul do Paraná), não resistiram. A empresa insistiu até o último momento e suspendeu os abates há cerca de um mês. Agora, poderá voltar a receber 20 mil animais ao mês. Quadro parecido ocorreu no setor de bovinos. A Friboi ampliou a capacidade de abate do antigo frigorífico Garantia, de Maringá, de 1 mil para 1,5 mil animais ao dia, mas a estrutura está parada.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pediu ao Sindicarne uma lista das empresas do Paraná que pretendem voltar a exportar para a Rússia. A relação deve ser enviada até a próxima semana. Todos os frigoríficos terão de se habilitar novamente, ou seja, poderão ter de fazer ajustes sanitários.

Além do Paraná, outros sete estados podem retomar as exportações de carnes à Rússia: Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina e São Paulo. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que a decisão favorece a imagem do Brasil no mercado externo e pode reverter as ameaças da União Européia de endurecer as exigências para importação de carne. Segundo ele, os russos vieram ao Brasil em setembro e ficaram "satisfeitos" com a melhoria nas condições sanitárias.

Como as negociações voltam antes de a OIE devolver o status de área livre de aftosa ao Brasil, a decisão indica também que a Rússia quer ter mais fornecedores para forçar redução de preços, avalia Fanaya. Ele afirma que o país não está em condições de competir com a carne bovina de produtores como a Argentina, por causa da desvalorização do dólar diante do real. Já em relação ao preço da carne suína, afirma que os preços brasileiros são considerados atrativos.

De acordo com Stephanes, a Rússia compra atualmente 15% de toda a carne exportada pelo Brasil, sendo que a União Européia, com 27 países, importa 18% do produto. As exportações de carne, segundo ele, crescem 20% ao ano, o que não compromete a demanda do mercado interno, mas pode ter reflexo sobre os preços. "O preço está sendo ditado pelo mercado internacional. Há uma demanda aquecida. Em conseqüência, os preços em nível internacional têm melhorado e é claro que isso também tem reflexo interno", disse o ministro.

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