A tarifa de água da Sanepar vai ser reajustada em 25,63% em 8 anos, começando neste ano com uma parcela de 5,7% – porcentagem bem abaixo do que queriam os investidores da companhia na Bolsa de Valores. O restante será repassado nos anos seguintes com correção pela Selic. A decisão do Conselho Diretor da Agência Reguladora do Paraná (Agepar) foi divulgada no último dia 7 de março e comunicada aos investidores da Sanepar pela própria companhia nesta quinta-feira (9). Mas não é uma decisão final. Como a proposta parte da sugestão de um novo modelo tarifário feito pela agência para atender o marco regulatório do saneamento básico, ela ainda terá de passar por consulta e audiência públicas antes de chegar aos boletos dos consumidores.
O reajuste escalonado já tinha sido antecipado pela Gazeta do Povo em reportagem de janeiro, com base numa estimativa do banco BTG Pactual, que esperava que a primeira parcela viesse em abril. A proposta não foi bem recebida por investidores, que chegaram a enxergar a companhia paranaense como uma das queridinhas da bolsa e esperavam o reajuste em um prazo menor. As ações da companhia caíram 17,7% nesta quinta-feira e os executivos da empresa tiveram de fazer uma conference call de última hora com analistas.
Para os consumidores, o parcelamento reduz o choque tarifário de um serviço que vem subindo mais que a inflação. Nos últimos seis anos, o reajuste acumulado foi de 106%, em boa parte para recompor as margens da empresa após um congelamento entre 2005 e 2010.
A transição para o novo modelo tarifário – tarefa que estava a cargo do Instituto das Águas do Paraná e em dezembro foi repassada à Agepar – está alinhada ao marco regulatório do saneamento básico, que virou lei federal há dez anos.
Hoje, os reajustes tarifários buscam compensar aumentos de custos sofridos pelas empresas de saneamento. O novo modelo, por sua vez, privilegia o retorno sobre os ativos, recompensando as companhias pelo que investem no sistema de água e esgoto. O investimento pode ser remunerado antes mesmo de ser feito, o que, na avaliação do BTG, reduziria a necessidade de financiamento da Sanepar.
Segundo informações do site especializado Infomoney, que participou da conferência entre investidores e a companhia, a Sanepar gerou desconfiança no mercado por não ter demonstrado vontade de recorrer da proposta da Agepar. Ainda segundo o site, durante as roadshows para a oferta de ações (ou re-IPO) em dezembro de 2016 e que colocaram a Sanepar no radar dos investidores, a promessa da empresa era de que haveria uma revisão de 14% nas tarifas já neste ano.
De acordo com informações no site da Agepar, a consulta pública sobre o novo modelo tarifário começará nesta sexta-feira (10) e vai até o dia 24 de março. Além disso, nesta mesma data final, a agência deve divulgar a data e o local da audiência pública que também discutirá a questão.
