Apesar das restrições do Fies, há outras opções crédito acessível na praça para pagar a faculdade. Fique atento apenas aos juros.| Foto: Bigstock/

Foi em 2015 que o Fies, o maior programa do governo federal para o financiamento de cursos de graduação para alunos de universidades privadas, teve suas regras mudadas. Positivas aos olhos de alguns especialistas, as mudanças vieram para resolver distorções que tinham ampliado muito o escopo do programa e pareciam estar deixando de lado quem mais precisava dele. De lá para cá, as linhas de crédito estudantil existentes no mercado se tornaram mais procuradas e algumas instituições criaram as suas próprias opções de financiamento ou melhoraram as que já tinham.

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Conheça algumas das opções de crédito estudantil em Curitiba e região

Entre 2015 e 2016, além das mudanças nas regras do Fies que reduziram o número de possíveis candidatos a novos financiamentos, houve também muita gente que simplesmente não conseguiu renovar o empréstimo que já tinha. Enquanto o MEC alegou problemas no sistema e outras inconsistências quanto às universidades credenciadas, as instituições acusaram o governo de estar limitando, sem a devida transparência, o número de liberações. Neste ano, para se ter uma ideia, foram ofertadas 150 mil vagas pelo Fies para o primeiro semestre, 40% a menos que no mesmo período do ano passado.

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Nesse movimento de redução de oportunidades dos últimos tempos, muitos alunos que estavam na metade do curso ou já no último ano tiveram de, literalmente, dar um jeito. E foi isso também que fez com que as demais opções de crédito do mercado crescessem e até mesmo melhorassem suas condições.

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“Entre 2015 e 2016, com as mudanças do Fies e a crise, tivemos de auxiliar vários alunos. Muita gente ficou desempregada e se viu no último ano sem ter como pagar o curso. O programa interno da UP atendeu esse público, mas ele não representa um grande grupo na universidade”, conta o reitor José Pio Martins. Ao todo, a UP tem hoje 19 mil alunos de graduação. Destes, pelo menos 2 mil têm o ensino custeado por meio do ProUni. “Depois há um grande grupo dos alunos que pagam e outro daqueles que possuem Fies, e aqueles que procuraram a própria UP e a Pravaler, que tem parceria com a universidade”.

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Considerada a linha com maior abrangência entre as instituições privadas hoje no Brasil, a Pravaler tem parceria com mais de 400 instituições. “Nós pagamos adiantado o semestre para a instituição e ficamos com o risco do crédito, ou seja, o aluno passa a dever para a gente. Exigimos um fiador, mas como quase todas as universidades subsidiam ao menos parte dos juros, muitos alunos têm acesso a financiamentos sem juros”, explica o diretor de marketing da Pravaler, Rafael Baddini.

Em média, a taxa praticada na Pravaler é de 1,35% ao mês. A empresa pertence à Ideal Invest, que tem entre seus investidores pesos-pesados como o Itaú, e alega ter visto a procura por crédito estudantil crescer cinco vezes entre 2014 e 2015. Para 2017, espera avançar 22%. “Desde o ano passado, lançamos também outra modalidade em que o risco é das universidades, mas a gestão é nossa. Ao invés de aprovarmos um terço apenas dos alunos que nos procuram, aprovamos mais alguns e esses são financiados pela própria universidade. Isso vale a pena porque para muitas instituições ficar com a vaga vazia é mais dispendioso que ajudar um aluno”, salienta Baddini.

Quando é vantajoso?

Hoje o Fies permite o financiamento de metade do curso, com prazo para pagamento de até três vezes o tempo financiado e juros próximos da inflação (6,5% ao ano). É, portanto, uma boa opção, do ponto de vista de econômico, para aqueles que se enquadram nos critérios do programa: renda per capita de até três salários mínimos. Além dele, há o ProUni, ainda mais restrito, mas que chega a custear totalmente a graduação. Mas e para aqueles que não se enquadram em nenhum dos dois programas e mesmo assim não conseguem pagar uma faculdade privada?

Planejadores financeiros e o próprio José Pio Martins, que também é economista, dizem que nenhuma opção de crédito que cobre mais de 1% ao mês de juros é uma boa opção para pagar a faculdade.

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Melhores opções estão dentro das próprias universidades

É geralmente dentro das próprias das universidades que estão as melhores opções para o aluno. Em Curitiba, por exemplo, PUCPR, Universidade Positivo e FAE estão entre as instituições que oferecem linhas próprias de crédito para seus alunos.

São exigidas algumas condições, como um fiador, mas a grande vantagem dessas linhas é que elas consideram o reajuste das mensalidades das universidades como critério de correção dos valores, ou seja, basicamente a inflação e o custo da folha de pagamento, fator de maior relevância na composição de despesas dessas instituições.

No caso da FAE, o programa de parcelamento estudantil, o Acreditar, foi lançado neste ano. Há duas modalidades e aqueles alunos que optam pela primeira linha, de parcelamento de 50% das mensalidades, são acompanhados de perto pelo Núcleo de Empregabilidade da FAE. “Nosso objetivo é auxiliar os alunos da FAE no desenvolvimento e manutenção da empregabilidade, para que ele conquiste sua independência financeira, e de maneira gradativa, passe a não precisar mais do programa, liberando a vaga para beneficiar outra pessoa”, explica o pró-reitor acadêmico, Everton Drohomeretski, via assessoria de imprensa.

Nas três universidades com sede em Curitiba, o prazo para pagar o parcelamento equivale ao financiado. Ou seja, quem fez um curso de 4 anos terá outros 4 anos após a formatura para quitar o financiamento, ás vezes com uma carência de seis meses para começar a pagar (veja mais detalhes aqui).

Planejamento ainda é o melhor caminho

Embora no caso dos financiamentos estudantis até seja possível encontrar opções acessíveis, a melhor opção ainda é se planejar para pagar a faculdade ou curso técnico. Para os pais, a dica é começar guardando cerca de R$ 600 por mês ali pelos 10 anos de idade do pequeno. Até os 17 anos, serão R$ 50 mil, um valor razoável para ajudar no pagamento da educação do filho ou mesmo para bancar um outro sonho qualquer. Há ainda outras boas opções rentáveis e seguras de longo prazo, como o Tesouro Direto. Leia mais aqui.

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Fique de olho nas bolsas também

Além dos descontos oferecidos diretamente aos alunos que passam na seleção nas primeiras colocações, algumas instituições têm firmado parcerias com empresas como a QueroBolsa para oferecer mais descontos a mais alunos. Essas empresas funcionam como marketplaces dessas instituições, reunindo as bolsas num só lugar, e ficando com a primeira mensalidade paga pelo aluno como forma de remuneração.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]