Brasil faz mais milionários, mas no “varejo” menos gente investe. Na foto, o empresário e investidor Jorge Paulo Lemann, considerado pela revista Forbes o mais rico do país.| Foto: Dado Galdieri/Bloomberg

Em um ano em que os investimentos em ações tiveram uma rentabilidade de quase 40% e os juros ficaram acima de 14% na maior parte de 2016, duas mil pessoas passaram a fazer parte do grupo de clientes private (que tem ao menos R$ 1 milhão em investimentos) no Brasil. Já o número de investidores do varejo ficou 2,7 mil menor em razão do aumento do desemprego e inflação em alta. Ao considerar todos os segmentos, o total de investimentos de pessoas físicas terminou o ano passado em R$ 2,3 bilhões, um crescimento de 12,9% em relação a 2015, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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O maior número de investidores está incluído na categoria varejo, em geral trabalhadores com carteira bancário ou autônomos. Em dezembro, eram 63,8 milhões de pessoas com algum tipo de investimento, um recuo de 4,2% em relação ao existente em 2015. O total de aplicações desse público, que concentra a maior parcela em poupança, chegou a R$ 854,7 bilhões, uma alta de apenas 3,3%.

“Esse resultado reflete um baixo crescimento das aplicações em poupança. Houve um volume de saques de recursos para a cobertura de despesas, já que o desemprego afetou algumas dessas famílias”, José Rocha, presidente do Comitê de Varejo da Anbima.

O contrário aconteceu entre o público de private banking, que é aquele cliente que tem, em geral, ao menos R$ 1 milhão para investir. O número de milionário chegou a 112 mil, uma alta de 1,8%. Já as aplicações dese público chegou a R$ 756,3 bilhões, uma alta de 16%. O montante é ainda maior quando se considera o que está em planos de previdência privada. Nesse caso, esse grupo soma R$ 831,6 bilhões nos mais diferentes tipos de aplicação.

Como o patrimônio cresceu mais que o número de milionários, a aplicação média de cada um deles também cresceu, chegando a R$ 15,4 bilhões, uma alta de 13,9%. A maior parte desse dinheiro está aplicada em ativos de renda fixa e fundos de investimento.

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“As aplicações em fundos voltaram a crescer, e isso vai se manter em 2017, devido à queda da Selic. Com rendimento menor, cresce a captação de fundos multimercados. O perfil do investidor não é estático. Quando ele vê a Selic indo para um dígito, ele aceita tomar mais risco”, afirmou João Albino, presidente do comitê de private banking da Anbima.

A título de comparação, a aplicação média do cliente de varejo é de R$ 13,4 mil. Ela sobe para o chamado “varejo de alta renda”, que é o público classificado por algumas instituições financeiras como aquele que ganha ao menos R$ 10 mil e tem investimentos.

Esse segmento conta com 5,6 milhões de clientes e eles possuem R$ 696,5 bilhões em aplicações, uma alta de 18,6%. A aplicação que eles mais gostam é renda fixa.