No mês de agosto, uma modalidade de investimento familiar aos ouvidos dos clientes que conversam frequentemente com os gerentes dos seus bancos ultrapassou – e muito – a tradicional poupança.
Os Créditos de Depósito Bancário, ou CDBs, registraram R$ 474,37 bilhões em aplicações em agosto, um avanço de R$ 3 bilhões em relação ao mês anterior, segundo a Cetip, responsável por acompanhar as entradas e saídas de dinheiro do investimento. Neste mesmo período, a poupança teve mais saques do que depósitos. Ao todo, foram R$ 48,5 bilhões retirados da caderneta, de acordo com o Banco Central.
Os dados apurados coincidem com uma alta expressiva dos rendimentos do CDB. A opção, que nada mais é que um empréstimo feito pelo mercado aos bancos como forma de captação de recursos, deu aos investidores um lucro médio de 14,13% ao ano em agosto conforme o CDI, taxa base de cálculo para os juros pagos à aplicação. Já a poupança não passou dos 6,17% anuais no mês anterior, índice ao qual é limitada quando a Selic, taxa básica de juros, fica acima dos 8,5%.
A Selic – a qual o CDI e os demais investimentos de renda fixa estão atrelados – está em 14,25%, o que torna a opção mais atrativa que a caderneta, que acumula perdas diante de uma inflação de 9,53% nos últimos 12 meses. “Os resgates da poupança estão ligados à economia atual. Houve um aumento do desemprego e um avanço da inflação, que fez com que as pessoas vissem a sua renda corroída. E isso fez com que a aplicação em renda fixa fizesse mais sentido”, afirma o analista da Ativa Investimentos, Lenon Borges.
Outra vantagem da modalidade são os riscos baixos, pelo fato de serem oferecidos por instituições financeiras. Além disso, os CDBs possuem um índice pré-definido que deixa claro quanto dinheiro irá pingar na conta do cliente. A modalidade também é respaldada pelo Fundo Garantidor de Crédito. Ou seja: se você aplicar até R$ 250 mil e o banco quebrar, o seu dinheiro será devolvido à sua conta.
Fique atento
Entretanto, é importante estar atento a alguns detalhes antes de fechar um contrato. O professor de finanças e governança corporativa do Isae/FGV Carlos Alberto Ercolin aconselha que os investidores tenham claro que, quanto mais dinheiro têm e maior é o tempo que o deixarão nos fundos, maiores serão os ganhos. “O CDB se torna mais atraente quando o prazo para o investimento é de dois anos. Se você deixar o dinheiro por apenas 30 dias, a tributação será muito alta”, ressalta.
Muitas vezes, a opção não possui taxa de administração. Por outro lado, os clientes são obrigados a pagar taxas regressivas do Imposto Renda, que são de 22,5% para até 180 dias; 20% até 360; 17,5% até 720; e 15% acima de 720. Resgates anteriores a 30 dias têm incidência do Imposto sobre Operações Financeiras. Depois deste período, os investidores estão isentos da taxa.
Além disso, os clientes devem observar a remuneração dada pelas instituições financeiras. Embora o CDI seja usado como referência, os juros costumam variar de 70% a até 110% do índice. “O poder de barganha do investidor depende de quanto ele está disposto a aplicar. Mas é importante não fechar um contrato com o primeiro banco que se visitar. Deixe aquele em que se tem conta por último e tente fazer com que cubra as propostas apresentadas”, acrescenta Ercolin.