Em um momento de retração de crédito bancário, as empresas do setor agrícola impulsionam o setor por meio das emissões dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Nos três primeiros meses do ano, a previsão do mercado é de que as operações iniciais tenham ficado em R$ 5 bilhões.
Semelhante às Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), o investimento tem remuneração próxima da taxa DI e é isento do Imposto de Renda. Em um momento em que as letras estão mais escassas, os certificados surgem como uma nova opção para os investidores.
Entretanto, as duas opções também têm as suas diferenças. O gerente de desenvolvimento de negócios do Sicredi, Adilson Sá, conta que, enquanto as LCAs só podem ser emitidas por bancos que já tenham feito operações de crédito rural, com compromisso de reinvestimento no mesmo setor, os CRAs são oferecidos apenas por securitizadoras, que vendem dívidas geradas por empresas do segmento.
“Nas LCAs, o lastro é dado pelo banco, que assume o risco do crédito. Já os CRAs não têm essa garantia, porque o avalista é a empresa que emite os títulos.” Por não ser uma securitizadora, o Sicredi não tem esse produto no portfólio aos clientes.
Num cenário de quebra da instituição, as letras são protegidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no caso de investimentos de até R$ 250 mil, algo que não ocorre com os certificados.
Estoque
Nos dois primeiros meses de 2016, o estoque de CRAs mais que triplicou, indo de R$ 4,4 bilhões para R$ 12,6 bilhões, aponta levantamento da Cetip. Embora as LCAs tenham crescido menos, o volume ainda é muito maior. No primeiro bimestre havia R$ 113,3 bilhões de letras, enquanto que no mesmo período do ano anterior eram R$ 88,7 bilhões, alta de 27%.
Por outro lado, os CRAs mais recentes foram ofertados por companhias como a Bayer e a Suzano, que emitiram juntas mais de R$ 600 milhões neste ano.
Liquidez
Por apresentar mais riscos, os certificados de recebíveis dão como ‘‘prêmio’’ remunerações maiores, próximas de 100% do DI, índice que segue a taxa básica de juros. Os prazos, no entanto, são mais longos, com vencimentos entre três e quatro anos.
Além disso, a maioria dos CRAs é direcionada para investidores qualificados, que têm a partir de R$ 1 milhão investidos.
Os certificados podem ser corporativos, quando são oferecidos por apenas uma empresa; ou pulverizados, quando é usado para financiar a cadeia agrícola.
Já as LCAs entregam em média de 85% a 90% do DI e possuem um tíquete médio de R$ 10 mil. Os prazos são mais curtos e têm liquidez a partir de 90 dias.
“Houve uma diminuição na oferta das LCAs, o que as tornou mais difíceis de serem encontradas. A economia como um todo vem sofrendo e os bancos passaram a restringir mais o crédito”, avalia o diretor de Wealth Manegement da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello.
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