Os programas de recompensas e fidelização são tantos que, muitas vezes, as pessoas deixam de aproveitar bons benefícios por falta de controle ou simplesmente por não saber que estão cadastradas. De acordo com relatório do Banco Central, em 2014 os brasileiros desperdiçaram 53,4 bilhões de milhas em programas de recompensas de cartão de crédito por deixar que expirassem. O número representa 24% da pontuação do ano, um desperdício de cerca de 520 mil passagens de ida e volta entre Curitiba e Miami em classe executiva.
A notícia deve fazer com que muitos brasileiros resgatem senhas esquecidas para consultar sua pontuação, mas é bom lembrar que os cartões de crédito são apenas uma das formas de acumular milhas. É possível fazê-lo em compras de estabelecimentos parceiros, postos de gasolina e mesmo em avaliações de sites de viagem.
Ao verificar a milhagem computada após uma viagem aos Estados Unidos em novembro do ano passado, o web designer Carlos Luciano Martins iniciou 2015 decidido a acumular milhas para viajar ao menos uma vez ao ano. Em seis meses, já são mais de 80 mil milhas pontuadas. “Agora uso cartão de crédito até para comprar pão e vi que há muitas outras formas de acumular pontos, mesmo gratuitamente”, conta.
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Leia a matéria completaTem até quem dê curso sobre o assunto. É o caso do empresário Allan Costa, que depois de uma intensa pesquisa sobre diferentes maneiras de ganhar pontos, acumulou 100 mil milhas em 30 dias e hoje oferece curso on-line para compartilhar o método. “Hoje é praticamente uma moeda, existe até um mercado de compra e venda, com cotação que varia conforme a demanda e o dólar”, diz.
Usar o cartão de crédito é a forma mais conhecida de conquistar pontos e a maioria deles o faz automaticamente, sem que o usuário solicite. Para aproveitar ainda mais os benefícios, é importante observar quais programas de fidelidade são parceiros e, principalmente, também a taxa de conversão de pontos por dólar gasto em cada cartão, o que varia conforme o banco, bandeira e categoria.
Segundo Martins, o uso do cartão para pagamento de contas de telefone, luz e água é uma forma de acumular mais pontos, sempre observando a taxa cobrada pelos bancos para tal serviço. Outra estratégia é utilizar um cartão de crédito para pagar a fatura do outro, assim um mesmo gasto é computado duplamente, multiplicando as milhas.
Alternativas
Os programas de postos de combustíveis também estão entre os favoritos dos “acumuladores” de milhagem, já que oferecem uma boa conversão. De acordo com Costa, o mais vantajoso é o Km de Vantagens, da rede Ipiranga. A cada real gasto no posto selecionado como favorito, o cliente ganha 200 pontos. Ao acumular 10 mil, ele pode pagar uma taxa de R$ 100 para converter em 10 mil milhas no programa Multiplus, da TAM.
Além disso, uma alternativa gratuita e pouco conhecida de se acumular milhas é contribuir com o site Trip Advisor, também parceiro do Multiplus, no qual os usuários avaliam locais turísticos, hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos. A cada avaliação, é possível ganhar entre 10 e 50 milhas, com máximo permitido de 1,2 mil milhas por mês. “Dá um pouco de trabalho, mas é gratuito e, ao fim de um ano, já é possível fazer uma viagem”, diz Martins.
Pesquisa ajuda a otimizar o resgate de pontos
Na escolha dos programas de fidelidade, é importante observar quais são as companhias aéreas parceiras, conforme as viagens que o cliente costuma ou deseja fazer, além dos estabelecimentos credenciados, como lojas de eletrodomésticos, e-commerces e redes de hotéis onde os pontos são computados duplamente a cada compra.
“A dica é sempre pesquisar voos hipotéticos e optar pelo programa da companhia que cobra menos milhas pela viagem”, diz Raquel Ribeiro, cofundadora do blog de viagem Vamos Pra Onde, que recomenda o cadastro em todos os programas para não deixar de pontuar voos e aproveitar promoções.
Algumas ferramentas, como os sites Awardwallet e o brasileiro Oktoplus, podem ser úteis no controle dos pontos, já que computam automaticamente e controlam os prazos de validade.
Resgate
É importante ficar atento às promoções de transferência oferecidos pelos bancos, com as quais é possível até dobrar a pontuação acumulada. Segundo o empresário Allan Costa, na hora do resgate, as passagens aéreas são sempre o melhor negócio, em detrimento da troca por produtos. “Só troque suas milhas por passagens. Basta fazer um comparativo em dinheiro do custo passagem e do produto oferecido pela mesma quantidade de milhas para ver a vantagem”, diz.
Segundo ele, é preferível escolher trechos longos para utilizar as milhas e comprar os mais curtos no cartão, para acumular pontos. Considerando que um voo entre Curitiba e São Paulo, por exemplo, vale 10 mil milhas, e que estas equivalem a cerca de R$ 270, é mais vantajoso comprar as passagens no cartão por um preço inferior e acumular mais milhas para distâncias maiores.
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