A preocupação com a estabilidade futura fez com que muita gente apostasse na previdência privada como uma forma de complementar a aposentaria. E as recentes mudanças nas regras para obter o benefício ajudaram a impulsionar o setor em 2015. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a captação líquida neste tipo de fundo foi de R$ 38,9 bilhões no ano passado, um crescimento de 21% em relação a 2014, sendo uma das poucas categorias de investimentos a fechar o ano com mais aplicações do que retiradas.
Ainda assim, investir em uma previdência privada é algo que rende muitas dúvidas em quem quer uma poupança de longo prazo. As diferentes taxas e siglas envolvidas são os pontos que mais confundem. E é por conta desses detalhes que partir para um plano privado de aposentadoria é algo que exige cuidado e estudo, reforça o especialista em finanças e professor da FAE Amilton Dalledone.
O tipo de previdência é algo que precisa ser levado em consideração. A decisão entre o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e a Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) vai depender da renda anual do indivíduo e vai definir como aquele dinheiro vai ser tributado. “A vantagem do PGBL é o benefício fiscal, já que você pode abater até 12% do imposto de renda”, explica.
Contudo, como contrapõe o especialista, isso é apenas uma maneira de adiar a mordida do leão, já que a tributação será feita na retirada com base no valor total da previdência. Já o VGBL não oferece essa possibilidade de desconto, mas faz com que o imposto de renda seja calculado apenas sobre o rendimento ao longo desse período.
Atenção às taxas
No entanto, é nas taxas que o futuro investidor precisa ficar mais atento ao contratar uma previdência privada. “Geralmente, as instituições comentam apenas sobre as taxas de carregamento, que são cobradas a cada depósito”, diz o especialista em previdência Renato Follador. “Mas o que vai afetar de verdade é a taxa de administração”.
Ele afirma que, embora a média dessa alíquota no mercado seja de 3%, o ideal é negociar para fazer com que esse valor não seja mais do que 1% para aplicações baseadas em renda fixa e 2% nas de renda variável. “Tudo vai depender do quanto você está disposto a pagar e no valor do aporte inicial”, completa Follador.
Como são essas taxas que vão definir o rendimento da previdência, é preciso estudá-las e levar em consideração até a inflação. “Se o rendimento prometido for de 14% ao ano, mas com uma taxa de administração de 4%, sobram apenas 10%, que é o mesmo valor da inflação atual. Isso faz com que o ganho real seja nulo”, mostra Dalledone.