A falta de planejamento e de experiência em lidar com o dinheiro são as principais razões apontadas para o endividamento entre os jovens, conforme apontam pesquisas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e do Serasa Experian. Somente em agosto, os consumidores com idades entre 18 e 29 anos representaram 22% dos brasileiros que estão com o nome sujo na praça (com cadastro no SPC).
O número é considerado preocupante pela economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Embora os jovens estejam se endividando menos do que antes, isso não deveria ocorrer nesta fase da vida, em que não é preciso se preocupar em comprar uma casa e quando as pessoas estão se casando mais tarde”, afirma. O levantamento Consumo Consciente, publicado pelo Serviço em julho, aponta ainda que 53,7% dos que estão nesta faixa etária adotam más práticas de compra. Ou seja: gastam mais do que têm.
“Pessoas entre essas idades têm menos experiência e, em geral, estão começando a vida profissional. Mas há também uma grande vontade de consumir, um impulso, que é muito influenciada pelos amigos e pelos colegas”, acrescenta o superintendente do SerasaConsumidor, Júlio Leandro. Segundo o Indicador de Educação Financeira (Indef), feito pela empresa em parceria com o Ibope, os consumidores de 16 a 24 anos são os que possuem um menor conhecimento em finanças pessoais, em comparação com as demais faixas etárias.
É preciso separar o que se gosta do que é importante e ver se é possível pagar todas as contas somente com o salário.
Armadilhas
Dentro do universo dos endividados, Marcela conta que o cartão de crédito e os carnês de prestações das lojas são as maiores armadilhas entre os jovens. “O problema dos cartões não é tanto o valor, mas sim porque as dívidas foram contraídas. Muitas vezes elas são bobagens, coisas que não são necessárias. As taxas de juros são muito altas e adquiridas para bens que não vão trazer melhorias à vida das pessoas, como carros e imóveis”, declara.
Em agosto, a média cobrada para os juros do cartão de crédito foi de 13,37% ao mês, ou 350,79% ao ano.
Por isso, a economista aconselha a quem está atolado em dívidas a observar as contas com calma, pôr as contas no papel e avaliar o que é essencial e o que é supérfluo. Com o dinheiro da pizza ou do salão do fim de semana, Marcela sugere que se faça uma poupança com o objetivo de pagar as contas. “É preciso separar o que se gosta do que é importante e ver se é possível pagar todas as contas somente com o salário. Se, por exemplo, a gente pede pizza toda sexta, é só pedir duas vezes por mês e fazer uma reserva com o restante. No fim do ano, o valor será considerável”, garante
Para Leandro, os consumidores nesta situação devem pôr na ponta do lápis todos os gastos do mês e se planejar para usar menos do que se ganha. “Depois de guardado o dinheiro, é importante renegociar a dívida com o credor. Ele deverá entender a sua situação, já que ele também tem interesse em negociar”, completa.