Em matéria de dinheiro, cada centavo vale. Ainda mais se os trocados vierem como uma pequena recompensa nas suas compras do dia a dia. Esse modelo de relacionamento com consumidores, chamado de cashback, vem ganhando a adesão de operadores de cartões, sites de comércio eletrônico e até governos.
O cashback pode ser definido como “dinheiro de volta”. Você faz suas compras e recebe de volta um pequeno porcentual por ter usado uma bandeira de cartão, por exemplo. Não torna ninguém rico, mas facilmente paga um jantar especial de fim de ano ou zera o pagamento da anuidade do cartão.
O modo de funcionamento é parecido com o das milhas. No caso dos cartões de crédito, a recompensa pode ser convertida em dinheiro ou descontos na fatura. Entre os bancos e operadoras que oferecem esta opção estão Citibank, Original, Santander e Credicard para as bandeiras Visa e Mastercard.
Em todos os casos, o funcionamento é parecido: um porcentual de 0,25% a 2% das compras à vista ou parceladas é convertido em pontos que podem ser transformados em créditos para resgate ou abatimento da fatura. Em geral, cada ponto equivale a R$ 1. Logo, o consumidor que gastar R$ 2 mil por mês e tiver um programa que retorne 1% do valor terá ao fim de um ano R$ 240. Já um sistema de milhagem que dá um ponto para cada dólar gasto entregará no mesmo período uma quantia próxima a 7.270 milhas.
Para o consultor financeiro Erasmo Vieira, o cashback nos cartões serve como uma forma de desconto na anuidade para quem não escapou dela. E entre os clientes que consomem muito com os cartões, mas viajam pouco ou não aproveitam as milhas, o sistema é mais vantajoso. No entanto, ele alerta: “se você está pagando uma tarifa muito cara por um cartão que retorna uma pequena parte dos gastos é preciso avaliar se realmente vale a pena”.
Na maquinha
Outra opção de cashback é a oferecida pela startup Beblue, que em parceria com a Visa e a Mastercard premia os compradores que realizarem as transações com a máquina da empresa. Para fazer valer os descontos, o usuário deve baixar o aplicativo e criar uma conta. Depois, é preciso digitar o CPF no aparelho presente no comércio para receber os créditos em uma conta, que só podem ser usados para abater as compras na rede de unidades afiliadas.
De acordo com o CEO, Daniel Abbud, o serviço chegará a Curitiba a partir de abril e terá mais de 300 lojas associadas, com a expectativa de chegar a mais de 2 mil até o fim do ano. Por mês, o aplicativo restitui cerca de R$ 1 milhão. “Os programas de cashback são complementares aos de milhagem, mas por meio deles os consumidores conseguem perceber um maior benefício. As milhas são mais usadas por pessoas das classes A e B, mas a maioria dos usuários não aproveita essa ferramenta”, diz.
Nota fiscal
Essa estratégia é a mesma usada em programas públicos de devolução de impostos. O Nota Paraná, por exemplo, garante a partilha de até 30% do ICMS recolhido e o crédito pode ser transferido para uma conta bancária ou usado para o pagamento do IPVA. O consumidor precisa apenas se cadastrar no site do programa e dar o CPF na hora da compra. Para quem faz compras pela internet, vale a pena ver se não tem créditos em programas em outros estados, como o Nota Fiscal Paulista, por exemplo. A prefeitura de Curitiba também tem programa parecido, chamado de Boa Nota Fiscal, que dá créditos no recolhimento do ISS.