O uso dos cartões de loja se populariza em um momento em que tomar crédito está mais caro e difícil. O recurso teve um aumento de 28% no primeiro semestre de 2016, segundo a Fecomércio-RJ, e é usado por 44,5% dos consumidores de todas as capitais do país, conforme um levantamento do SPC Brasil.
Com aprovação rápida e a possibilidade de alongar as parcelas sem cobrança de juros, os cartões não costumam cobrar anuidade ou exigir certidão negativa, mas o recurso também esconde riscos.
O especialista em finanças pessoais Altemir Farinhas conta que o pagamento dos cartões é geralmente presencial, o que leva a visitas mais frequentes às lojas, incentivando o consumo.
Além disso, caso deixe de pagar as parcelas, o cliente acabará entrando em um rotativo com juros próximos ou mesmo superiores aos do cartão de crédito, que hoje está em 459,53% ao ano.
Segundo o diretor de planejamento e gestão da Fecomércio-PR, Rodrigo Rosalem, o custo da modalidade gira em torno de 450% a 500% ao ano. Entretanto, uma das lojas pesquisadas pela Gazeta do Povo cobra juros de 875,25% ao ano.
De acordo com Farinhas, o uso dos cartões é um aliado para as famílias disciplinadas, que possuem um planejamento financeiro e têm o costume de comprar em determinados estabelecimentos. “Para quem tem as contas em dia e sabe que os produtos da loja têm bons preços, o cartão vale a pena, porque muitas vezes oferece desconto de até 10% nas compras”, afirma.
Alguns varejistas oferecem ainda programas de fidelidade que garantem abatimentos no preço dos produtos.
Por outro lado, para quem está inadimplente o recurso é um vilão do orçamento. Uma pesquisa do SPC Brasil publicada no fim de setembro indica que 73,1% dos devedores ficaram com o nome sujo por não pagarem as parcelas no vencimento, sendo esta o segundo motivo atrás da contratação de empréstimos (76,1%).
Cuidados
Para o educador financeiro, ao adquirir os cartões, as famílias devem prestar atenção no rendimento mensal e no limite oferecido. “Um dos erros mais comuns é quando a pessoa ganha R$ 1 mil, mas tem quatro cartões com o mesmo limite da renda. Ela pode se endividar em quatro vezes o salário sem nem se dar conta”, alerta Farinhas.
Segundo o diretor da Fecomércio-PR, a possibilidade de parcelamento esconde o risco de o consumidor jogar para a frente despesas que ele não poderá arcar no futuro. “As contas viram uma bola de neve e se tornam um problema. Chega um momento em que a pessoa não consegue pagar as parcelas e acaba entrando no rotativo, que tem taxas extremamente altas.”